A Grécia vai entrar com uma ação judicial contra a Adidas, após as autoridades serem apanhadas de surpresa por um anúncio da marca a mostrar uma sapatilha gigante feita de drones a rodar sobre a Acrópole, monumento do século V a.C..

A decisão de exibir o espectáculo de drones em cima do símbolo da democracia no mundo ocidental deixou Atenas irritada e, segundo a ministra da Cultura do país, sem outra opção a não ser apresentar queixa.

“O procedimento legal não foi seguido”, disse Lina Mendoni à rádio SKAI, citada pelo jornal britânico “The Guardian”. “Esta imagem extremamente desagradável faz parecer que a sapatilha da Adidas está a chutar a Acrópole, esteticamente falando.”

O Ministério da Cultura tomou a iniciativa de entrar com uma ação judicial “contra todos os responsáveis”, alegando, segundo o mesmo jornal, o uso do património mundial da Unesco como pano de fundo de um vídeo comercial e que isso viola as leis protetoras do legado arqueológico do país.

Este sábado, o Ministério Público de Atenas abriu uma investigação sobre o procedimento pelo qual a marca de artigos desportivos obteve licença para realizar o espectáculo de drones na noite de quinta-feira.

Tanto o Ministério da Cultura quanto o Ministério das Finanças solicitaram esclarecimentos à Autoridade de Aviação Civil, o órgão responsável pela emissão de licenças aéreas.

Por seu lado, a Adidas reagiu, afirmando que a legislação grega havia sido meticulosamente seguida.

Citada pela Reuters, a empresa alemã afirmou por email, esta sexta-feira, que “todas as autorizações necessárias foram recebidas e cumpridas” e que “nenhuma imagem do monumento da Acrópole foi usada pela Adidas para fins publicitários ou outros.”

A oposição ao governo de centro-direta na Grécia, contudo, tem usado o tema politicamente.

O Pasok (centro-esquerda) acusou o governo de negligência, afirmando que “a Acrópole, um símbolo global da cultura e da democracia, não pode ser tratada como pano de fundo para uso comercial”.

Outro partido de esquerda, o Syriza, lamentou o anúncio, descrevendo-o como a “mercantilização do património cultural grego”.