"O peso da mochila do soldado é incomparavelmente mais leve
do que o peso das grilhetas do escravo."
Desenhei
Tirando os navegadores fenícios que por cá arribaram, ainda antes de Portugal existir, podemos dizer que à terra dos cedros pouco mais nos liga. No mundo global, porém, quase tudo nos toca e os dramas da guerra que por aquelas bandas é recorrente, são de molde a captar a atenção dos cidadãos mais conscientes dos cenários nacionais e internacionais e da sua eventual interação. Mas hoje gostaríamos de refletir sobre uns poucos de aspetos que, não parecendo, nos dizem diretamente respeito.
Observemos o que se passa no Líbano que é um mosaico de gentes, de crenças, de culturas e de ideias políticas. Já em tempos foi considerado a Suíça do Médio Oriente onde os negócios floresciam; a cultura e a tolerância medravam e até conseguia atrair turistas. O que prova que as paixões dos homens quando contidas em regras definidas e existe algum equilíbrio geopolítico, permitem uma vivência pacífica e o avanço civilizacional.
Porém o Líbano, num passado recente, desgraçadamente, dividiu-se, guerreou-se internamente, atomizou-se em partidos políticos antagónicos e deixou destruir as Forças Armadas (FA). Como são poucos e têm pouco potencial estratégico passaram a ser pasto de interferências dos seus vizinhos mais poderosos. De todo o tipo de interferências, ao ponto de terem de admitir uma força armada de carácter terrorista, no seu seio, o Hezbollah.
O que é que o atrás exposto tem a ver com os portugueses, perguntarão os leitores? Tem isto: conseguirmos a sageza de manter a família portuguesa unida e aumentar-lhe o seu poder efetivo.
Trago estes aspetos à colação pois não nos parece poder dormir descansados sobre o assunto.
Portugal tem (tinha), a singularidade de ser quase o único país no mundo a ter uma homogeneidade cultural, étnica, religiosa, linguística, una na sua diversidade geográfica e regional, onde o Estado seria, naturalmente, a emanação da Nação politicamente organizada.
Mas sobre este todo coeso inventam-se constantemente ideias (ideologias) estranhas à nacionalidade que a desgastam e dividem. Em certas alturas foi grave. O terramoto liberal que se iniciou em 1820 (depois República, em 1910) nunca esteve suficientemente escorado. Entortou o país de tal forma que obrigou a três guerras civis cruentíssimas; dezenas de intervenções militares; uma questão religiosa gravíssima; mudanças de regime; inversão económica e financeira; amputações de gentes e territórios; instabilidade recorrente, divisões na família dos portugueses. O Estado Novo, apesar dos seus 40 anos de existência, arrisca-se a ser apenas um intervalo no tempo, metade dele gasto em recuperação de erros e feridas...
Ora nós temos de ter cuidado em preservar o que nos resta e pararmos a criminosa destruição do nosso parco potencial estratégico, resultante da tragédia do que chamaram “descolonização” - que deixou marcas morais imperecíveis -, o que nos está a transformar rapidamente num “estado exíguo”, sobretudo por a política ter virado as costas ao mar e nos ter posto contra o nosso passado.
E hoje a matriz cultural e a coesão nacional está a ser destruída a uma velocidade demoníaca por via da migração descontrolada, porém, induzida; atribuição “criminosa” de nacionalidade; perda demográfica de nacionais; do crédito de usura também desregulado, que tudo compra, a começar pela consciência e das ideias paranoicas e subversivas da “Escola de Frankfurt” (e não só) cujo expoente nos levou à loucura woke, com muitas etapas pelo caminho. O que está a destruir o que se tem por Civilização Ocidental.
Temos de aprender a conviver com as diferenças de opinião e visão das coisas e dos homens, sem que haja paralisia na ação (isto é decisão), e arranjar-se o máximo de divisores comuns, sem embargo de ter de haver tolerância zero, com ideias ou ações disruptivas e malévolas. Sobretudo temos que encontrar soluções portuguesas para os problemas portugueses. É preciso estruturar, em termos nacionais (não internacionais), a Igreja, a Universidade e as Forças Armadas, salvaguardar a aplicação do Direito e da Diplomacia, que são o esteio do País desde Afonso Henriques.
Ou preferirão os nacionais, que um dia, por ex., o Exército Português faça a triste figura que o Estado e o Exercito Libanês estão a fazer atualmente, pasto de interesses alheios?
TenCor PilAv. (Ref.)