
Apesar de Estados Unidos e Israel terem ambos declarado que os ataques contra o Irão fizeram enormes estragos no programa nuclear iraniano, os primeiros dados dos serviços de informações dos EUA parecem indicar que, afinal, os bombardeamentos não terão destruído essas infraestruturas. Segundo avança a CNN Internacional, citando fontes próximas dos serviços militares, é antes provável que os ataques dos EUA contra o Irão, ocorridos durante um fim de semana de conflito entre Israel e o Irão, tenham apenas atrasado o programa nuclear por alguns meses.
Os dados da CNN são da Defense Intelligence Agency (DIA), a agência de informações do Pentágono, que avaliou os danos provocados pelos ataques norte-americanos no Irão. A análise ainda está a decorrer, e a CNN avisa que pode ser alterada, mas os dados preliminares contrariam Donald Trump, que disse que os ataques "obliteraram completa e totalmente" as infraestruturas de enriquecimento de urânio do Irão.
O relatório da DIA adianta ainda que as reservas de urânio do Irão não foram destruídas. Uma das fontes explicou que as centrifugadoras estão praticamente "intactas", e muitas dessas estruturas foram movidas antes dos ataques para outros locais secretos no território iraniano.
Num anúncio televisivo a partir da Casa Branca, no passado sábado, Donald Trump ladeou-se das principais figuras da administração e, com pompa e circunstância, declarou que os EUA tinham destruído os locais de Natanz, Fordow e Isfahan, três esconderijos iranianos denunciados como locais de enriquecimento de urânio. Vários órgãos e instituições norte-americanas foram esclarecendo que as munições utilizadas na missão tinham o propósito de perfurar e destruir estes ‘bunkers’, mas, agora, os serviços secretos refutam que os locais tenham sido "obliterados", como disse o Presidente norte-americano.
A CNN, citando o relatório, explica que o impacto nos três locais acabou por causar danos largamente superficiais em infraestruturas sobre a terra.
Questionada sobre a notícia da CNN Internacional, a Casa Branca admitiu a existência dos dados, mas negou a sua conclusão. "Essa alegada avaliação está simplesmente errada", considerou a porta-voz Karoline Leavitt no briefing desta tarde. "A divulgação desta alegada avaliação é uma clara tentativa de diminuir o Presidente Trump e descredibilizar os corajosos pilotos que conduziram esta missão perfeitamente executada de obliterar o programa nuclear do Irão", acrescentou Leavitt.