Os Estados Unidos vão suspender alguns envios de mísseis de defesa aérea e outras munições para a Ucrânia, perante preocupações de que as suas próprias reservas tenham diminuído em demasia, revelaram na terça-feira autoridades norte-americanas.

Este armamento tinha sido anteriormente prometido à Ucrânia para utilização durante a guerra em curso com a Rússia sob o governo de Joe Biden (democrata). Mas a suspensão reflete um novo conjunto de prioridades sob o Presidente Donald Trump (republicano).

"Esta decisão foi tomada para colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar após uma revisão do Departamento de Defesa sobre o apoio e a assistência militar da nossa nação a outros países do mundo", detalhou a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, em comunicado. "A força das Forças Armadas dos Estados Unidos continua inquestionável — basta perguntar ao Irão", acrescentou.

A revisão do Pentágono determinou que os stocks estavam demasiado baixos em alguns artigos prometidos anteriormente, pelo que os envios de alguns artigos pendentes não serão concretizados, de acordo com uma fonte oficial norte-amareicana, que falou à agência Associated Press (AP) sob condição de anonimato.

Até à data, os EUA forneceram à Ucrânia mais de 66 mil milhões de dólares em armas e assistência militar desde a invasão russa em fevereiro de 2022.

Na semana passada, Donald Trump admitiu ponderar fornecer mais sistemas de mísseis de defesa aérea, conhecidos como Patriots, para a Ucrânia se proteger dos ataques russos. Trump já tinha colocado esta possibilidade quando se encontrou com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Haia (Países Baixos), na quarta-feira passada, à margem da cimeira da NATO.

Os Patriot foram enviados para Kiev pela primeira vez durante a administração de Joe Biden (2021-2025) e com o apoio de vários aliados europeus.

O Exército russo fez em junho os maiores avanços em território ucraniano desde novembro e acelerou o avanço pelo terceiro mês consecutivo, segundo dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW).

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os últimos meses foram marcados por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, ao passo que as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.