
A polícia francesa entrou esta quarta-feira na sede do Reagrupamento Nacional (RN) em Paris, apreendendo documentos e registos contabilísticos, afirmou o líder do partido da extrema-direita em França.
Jordan Bardella, 29 anos, que assumiu a presidência do partido em 2022, referiu numa mensagem na rede social X que, nas buscas, a polícia apreendeu “todos os arquivos relacionados com as recentes campanhas regionais, presidenciais, legislativas e europeias do partido”.
As buscas foram efetuadas por “cerca de 20 polícias da brigada financeira”, indicou Bardella, denunciando uma "perseguição".
“Todos os e-mails, documentos e elementos contabilísticos do primeiro partido da oposição [francês] estão a ser apreendidos, sem que saibamos, nesta fase, quais são precisamente as queixas que estão na base disso”, pormenorizou o eurodeputado.
A busca começou às 08:50 (07:50 em Lisboa), acrescentou, precisando que as operações também visaram “os gabinetes dos dirigentes”.
“Todos os arquivos relativos às últimas campanhas regionais, presidenciais, legislativas e europeias estão hoje nas mãos da justiça. Noutras palavras, apreendeu toda a atividade eleitoral” da RN, indicou Bardella, criticando a “invasão”, descrevendo-a como um “ato de assédio”.
“Esta operação espetacular e sem precedentes faz, claramente, parte de uma nova operação de assédio. É um grave ataque ao pluralismo e à mudança democrática”, afirmou.
A intervenção policial ocorreu depois de a antiga líder do partido, Marine Le Pen, ter sido condenada por peculato em abril passado.
Marine e outros 24 dirigentes do partido foram acusados de terem usado dinheiro destinado a assessores parlamentares da União Europeia (UE) para pagar a funcionários que trabalharam para o partido entre 2004 e 2016, violando os regulamentos do bloco de 27 nações.
Por outro lado, em julho de 2024, a justiça francesa abriu um inquérito judicial sobre empréstimos concedidos por particulares ao movimento de extrema-direita, após uma denúncia da Comissão Nacional de Contas de Campanha e Financiamento Político (CNCCFP).
Esses empréstimos concedidos a partidos políticos por particulares são autorizados, de acordo com condições específicas e com um limite máximo, mas o RN é “o partido que mais os utilizou”, segundo o presidente da CNCCFP, Christian Charpy.
Nos últimos anos, o partido “concentrou uma forte maioria” desse tipo de empréstimos: 613 em 2021, de um total de 764 de todos os partidos, depois 425 em 2022 (de um total de 492) e ainda 96 em 2023 (de um total de 123), segundo este responsável.
No total, o RN apresentava, no final de 2023, mais de 20 milhões de euros em empréstimos pendentes a reembolsar “a pessoas singulares”, sendo o mais antigo de 2007.
“É essencial que estes empréstimos sejam reembolsados, caso contrário, são doações disfarçadas”, o que seria “contrário ao código eleitoral”, salientou Charpy na semana passada.
O Ministério Público francês ainda não se pronunciou.