Israel condenou esta terça-feira fortemente as críticas da União Europeia (UE), que anunciou uma revisão do seu acordo de associação com os israelitas devido à situação em Gaza, acusando o bloco de "total incompreensão" da sua complexa realidade.

"Rejeitamos completamente a orientação" da responsável pela política externa da UE, Kaja Kallas, "que reflete um completo mal-entendido da complexa realidade que Israel está a enfrentar", destacou o porta-voz do ministério, Oren Marmorstein, numa declaração publicada na rede social X.

Para a diplomacia israelita, a posição da UE "encoraja o Hamas a manter as suas posições".

"Os recentes elogios do Hamas a este tipo de críticas são um claro indício disso e resultam no prolongamento da guerra", acrescentou.

Kaja Kallas adiantou esta terça-feira que a UE vai rever o acordo de associação com Israel, por bloquear há mais de dois meses a entrada de comida e ajuda humanitária na Faixa de Gaza e pelos bombardeamentos no enclave.

Kallas considerou que é o momento de "avançar para esse exercício", depois de os Países Baixos terem apresentado uma proposta nesse sentido na reunião dos chefes da diplomacia dos 27.

"Salvar vidas deve ser a nossa principal prioridade", declarou a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança na conferência de imprensa, ao mesmo tempo que afirmou que "é necessária pressão para mudar a situação".
"A ajuda que Israel permitiu a entrada é, naturalmente, bem-vinda, mas é uma gota no oceano. A ajuda deve fluir imediatamente, sem obstáculos e em grande escala, porque é disso que precisamos", enfatizou.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita disse que a Comissão Europeia "ignora tanto a iniciativa dos EUA de transferir ajuda sem passar pelo Hamas como a recente decisão de Israel de facilitar a entrada de ajuda em Gaza".

"Pedimos à União Europeia que exerça pressão onde deve exercer: sobre o Hamas", concluiu Marmorstein, citado no comunicado.

Israel tem intensificado as operações no enclave palestiniano e na última semana, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou a intenção de ocupar a totalidade da Faixa de Gaza.

Desde o início de março que Israel bloqueou qualquer camião com ajuda humanitária de entrar em Gaza, enquanto continua a bombardear o território.

Enquanto Israel afirma ter autorizado esta terça-feira a entrada de 93 camiões de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, a ONU sustenta que nenhum dos mantimentos chegou aos armazéns e pontos de entrega para distribuição à população civil.

De acordo com informações da Organização Mundial da Saúde, de 12 de maio, toda a população de Gaza, cerca de dois milhões de pessoas, está em risco de morrer à fome, além de ser vítima da invasão militar israelita.

Com Lusa