
O chefe de Estado português defendeu hoje em São Tomé e Príncipe a importância da cooperação militar bilateral, aludindo a interesses russos na região, e dos vistos recíprocos, realçando o contributo dos são-tomenses que trabalham em Portugal.
Marcelo Rebelo de Sousa deixou estas mensagens durante uma receção à comunidade portuguesa em São Tomé e Príncipe, onde chegou hoje, para participar nas comemorações dos 50 anos da independência deste país, no sábado.
Interrogado, depois, pelos jornalistas, se de alguma forma as mudanças na legislação sobre imigração e entrada e permanência de estrangeiros em Portugal propostas pelo Governo PSD/CDS-PP estão a afetar as relações com países como São Tomé e Príncipe, o Presidente da República respondeu que por enquanto não, "porque ainda não foi aprovada a lei".
"E vamos ver como é que será aprovada na versão final", acrescentou, considerando que "há uma preocupação de todos de encontrar o estatuto mais favorável possível para os países e os povos de língua oficial portuguesa".
Marcelo Rebelo de Sousa referiu que as migrações são "nos dois sentidos, há também de portugueses para estes estados" e defendeu que "são muito importantes para a economia, para a sociedade, para a educação, para o desenvolvimento dos países".
Em Portugal, "há setores sociais que só se aguentam largamente com imigrantes de língua oficial portuguesa, é o caso das IPSS, das misericórdia, há cada vez menos portugueses e portuguesas a desempenhar essas funções sociais", realçou.
No seu discurso, o Presidente da República mencionou que "continua a subir o número de vistos recíprocos" e que houve, "no ano passado, 17 mil, 18 mil para são-tomenses em direção a Portugal".
"Uma comunidade são-tomense que tem vindo a crescer, lentamente, ainda pequena comparada com outras comunidades de língua oficial portuguesa, mas que tem muitos estudantes, tem muitos formandos, tem muitos profissionais, tem muitos quadros administrativos e tem muitos trabalhadores, a vários níveis, que contribuem para a riqueza e o desenvolvimento de Portugal", disse.
Sobre a cooperação militar entre Portugal e São Tomé e Príncipe, salientou que "já dura há muito tempo" e afirmou "vai durar indefinidamente, enquanto este Estado irmão o quiser".
Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, essa cooperação é importante "não é só para o tráfico de seres humanos, não é só para o narcotráfico, é para a segurança neste oceano", mas "para a geopolítica mundial".
"Não é por acaso que permanentemente outras marinhas estão muito interessadas também num domínio que nós acompanhamos e acompanharemos cada vez mais, que é, ao menos alegadamente, o da investigação científica", acrescentou, numa alusão à Rússia, com quem São Tomé e Príncipe celebrou um acordo militar.