A ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, mantém-se no cargo no novo Governo, depois de um ano de mandato marcado pela criação da Agência para o Clima e pela prioridade às áreas da água e energia.

O apagão elétrico de 28 de abril na Península Ibérica, já com um Governo de gestão, trouxe na área da energia desafios redobrados a Maria da Graça Carvalho.

Que prioridades vai manter na agenda?

O incidente, cujas causas e conclusões ainda não são conhecidas, trouxe para o debate público a importância de reforçar a resiliência da rede elétrica. A ministra defende, nesse contexto, o aumento da interligação energética de Portugal com o resto da União Europeia, através da construção de mais infraestruturas, nomeadamente nos Pirenéus.

O reforço das interligações entre França e a Península Ibérica tem sido assumido pela ministra como uma das suas prioridades, devendo manter-se na agenda durante o próximo mandato.

O lançamento dos leilões eólicos 'offshore' e o concurso para a concessão da baixa tensão elétrica - que serve o mercado doméstico - são dois dos temas pendentes que o setor espera ver concretizados a curto prazo.

Criticada pelos ambientalistas

Noutra área, a ministra foi criticada pelos ambientalistas por votar a favor da redução do estatuto de proteção do lobo mas foi bem recebida a moratória até 2050 da mineração em mar profundo e a ratificação do Tratado do Alto Mar.

Com a queda do anterior Governo Maria da Graça Carvalho foi ministra do Ambiente menos de um ano mas já tinha sido ministra da Ciência e do Ensino Superior.

Quem é Maria da Graça Carvalho?

Natural de Beja, engenheira de formação, vários anos eurodeputada, foi relatora-principal do Regulamento de Proteção da União Contra a Manipulação do Mercado Grossista da Energia e negociadora pelo Partido Popular Europeu da Reforma do Mercado Elétrico Europeu.

Professora catedrática do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, Maria da Graça Carvalho, 70 anos, assume no seu currículo 30 anos de experiência nas áreas da energia, alterações climáticas e política de ciência, tecnologia e inovação.

Foi membro do Conselho Nacional de Educação e do Conselho Nacional do Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável.

Como docente universitária, as suas aulas incidiam sobre energia, ambiente, alterações climáticas e desenvolvimento sustentável.

De 2002 a 2005, Maria da Graça Carvalho foi ministra da Ciência e do Ensino Superior nos governos PSD-CDS/PP liderados por Durão Barroso (2002-2004) e Santana Lopes (2004-2005).

Posteriormente, de 2006 a 2009, foi conselheira principal do presidente da Comissão Europeia Durão Barroso nas áreas de ciência, ensino superior, inovação, investigação, energia, ambiente e alterações climáticas.

Depois disso, entre 2014 e 2015, foi conselheira do comissário europeu para Investigação, Ciência e Inovação Carlos Moedas.

Na qualidade de eurodeputada eleita pelo PSD, Maria da Graça Carvalho foi relatora do programa de financiamento europeu para a ciência e inovação Horizonte 2020 (2014-2020).

Formada em engenharia mecânica, tem centenas de artigos publicados em revistas científicas, tendo liderado o painel de avaliação de candidatos na área das ciências de engenharia às bolsas Marie Curie, instituídas pela UE.

Maria da Graça Carvalho foi condecorada em 2002 pelo Presidente Jorge Sampaio com o grau de Grande Oficial da Ordem de Instrução Pública e recebeu em 2016 o Prémio Maria de Lourdes Pintassilgo, criado pelo Instituto Superior Técnico para distinguir antigas alunas que se destacaram pelas suas contribuições profissionais ou sociais.

Eleita pela segunda vez eurodeputada pelo PSD nas eleições de 2019, Maria da Graça Carvalho foi membro do Parlamento Europeu pela primeira vez entre 2009 e 2014.

A proposta de nomeação de Maria da Graça Carvalho consta de uma nota no portal da Presidência da República, divulgada após o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, ter aceitado a lista de ministros do XXV Governo Constitucional entregue pelo primeiro-ministro indigitado, Luís Montenegro.

- Com Lusa