Legenda: Ana Filipa Gama, Andreia Coelho, Rosa Valente de Matos, Sónia Dias, Sofia Athayde e Cristiano Figueiredo

Menos isolamento social e solidão, melhoria da saúde mental e apoio na definição de objetivos pessoais são os três principais benefícios da Prescrição Social. A conclusão é de um estudo de avaliação e monitorização do projeto que se iniciou na USF Baixa e que foi apresentado, este mês, pela Escola Nacional de Saúde Púbica da Universidade Nova, parceira da iniciativa desde o primeiro momento.

Tendo em conta o período entre setembro de 2018 e dezembro de 2023, nas USF Baixa e Almirante foram referenciados 1298 utentes para a assistente social. Em causa estiveram várias necessidades tais como: isolamento social, integração social de imigrantes, inclusão social de doentes com necessidades de saúde mental, sedentarismo, dependência funcional, acesso a benefícios sociais e de saúde, habitação, alimentação, emprego e formação, entre outros.

A maioria das situações foram encaminhadas pelo médico de família (83%), seguindo-se enfermeiro (8,8%), médico interno ((6,5%), assistente técnico (1,1%), outro (0,6%). Os idosos foram os mais referenciados (64,8%) – maioria do sexo feminino e com idade 51-74 anos (33,4%) -, seguindo-se os imigrantes (Bangladesh, Nepal, Guiné-Bissau, Angola e Brasil). “O problema que mais se destacou foi o do isolamento social”, realçou, na apresentação dos resultados, Sónia Dias, diretora da ENSP-UNL e coordenadora da Rede Prescrição Social Portugal.

O relatório demonstra as mais-valias do projeto, mas também enumera algumas das barreiras que devem ser ultrapassadas. São estas a perceção prévia dos utentes em relação à iniciativa, falta de tempo e disponibilidade e dificuldades de transporte para aceder às atividades. “Apesar de referenciados por motivos semelhantes, os utentes possuem percursos únicos, têm expectativas e motivações singulares, navegam de formas diferentes e experienciam a intervenção de maneira particular”, sublinha a responsável.

Quanto a recomendações, aponta-se o reforço da formação e do treino de competências dos profissionais envolvidos e deve-se continuar a criar condições estruturais e laborais para que se possam desenvolver as atividades em dedicação plena. Acrescem ainda outras medidas: promoção de processos de comunicação simples e ágeis; reforço do acompanhamento personalizado dos utentes e a sua monitorização mais sistemática; reforço da monitorização e avaliação para a produção de evidência científica que apoie o desenvolvimento de estratégias de melhoria, a escalabilidade e a integração de políticas de saúde; e mais financiamento para garantir o seu desenvolvimento e sustentabilidade.

Em suma, o balanço é positivo, mas é preciso limar algumas arestas, sendo para tal necessário também mais verbas para que se mude a vida de muitas pessoas.

Maria João Garcia

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