A Rússia atribuiu hoje a decisão dos Estados Unidos de reduzir a entrega de armas à Ucrânia a problemas na produção face à pressão das tropas russas e ao fornecimento de mísseis a Israel.

"Aparentemente, a indústria (de defesa norte-americana) não tem tempo para produzir mísseis na quantidade necessária, especialmente porque obviamente houve muitas entregas a Israel", disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov.

O porta-voz do Presidente Vladimir Putin disse que "há problemas a este respeito" na cadeia de produção dos Estados Unidos, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.

"Estamos a acompanhar a situação de muito perto", afirmou.

Peskov reiterou que "quanto menos mísseis chegarem à Ucrânia vindos do estrangeiro, mais próximo estará o fim da operação militar especial", um argumento que apresentou na quarta-feira, segundo a agência noticiosa russa TASS.

A Casa Branca (presidência) anunciou na terça-feira uma redução no fornecimento de armas à Ucrânia que o Pentágono (sede da Defesa) enquadrou como parte de uma "revisão de capacidades" para evitar falhas no arsenal disponível,

Apesar da decisão, a administração do Presidente Donald Trump insistiu no compromisso com a segurança ucraniana, depois de Kiev ter convocado o encarregado de negócios dos Estados Unidos na quarta-feira.

A diplomacia ucraniana avisou no encontro que qualquer possível atraso ou cancelamento de entregas de armas só servirá para "encorajar o agressor" a "continuar a guerra e o terrorismo", numa referência à Rússia.

O porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, recordou na quarta-feira que os Estados Unidos atribuíram ajuda no valor de 66.000 milhões de dólares (cerca de 56.000 milhões de euros) à Ucrânia desde o início da guerra.

Parnell recusou entrar em detalhes sobre os pacotes que poderão ser afetados no caso ucraniano, mas, de acordo com a imprensa, a ajuda em suspenso inclui mísseis e projéteis de defesa antiaérea.

O anúncio causou apreensão em Kiev, que tem sofrido nas últimas semanas vagas de bombardeamentos russos.

O chefe da diplomacia ucraniana, Andriy Sybiga, anunciou na quarta-feira que a Ucrânia estava pronta para "comprar ou alugar" defesas antiaéreas para fazer face ao "grande número de 'drones', bombas e mísseis" lançados pela Rússia contra o país.

A guerra, desencadeada pela invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022, já causou dezenas de milhares de mortos civis e militares, de acordo com várias fontes.