
O ex-Presidente da Assembleia da República não será candidato a Belém. Augusto Santos Silva diz que, apesar dos muitos apoios que recebeu, de pessoas "muito valiosas" para si, chegou à conclusão que a sua candidatura não seria "suficientemente abrangente para ser suficientemente forte", porque seria "divisiva", pelo que não será candidato à Presidência da República.
Santos Silva diz ainda que entende que deve dar espaço a uma candidatura "nova", que seja "forte, agregadora e independente, da sociedade civil", que preencha o espaço político do centro-esquerda e que não se baseie apenas em "generalidades". Com isto fica claro que Santos Silva, que foi muito crítico da candidatura de António José Seguro, não irá apoiar o ex-secretário-geral do PS, pelo menos na primeira volta, mesmo que o PS o venha a apoiar formalmente. "O PS não está obrigado a apoiar um militante", diz em entrevista à RTP, reforçando ainda que "as candidaturas não têm de se formar a partir dos partidos políticos".
Com a saída de António Vitorino e agora do próprio do caminho, o ex-ministro socialista parece abrir a porta a uma outra candidatura, eventualmente de António Sampaio da Nóvoa, que pode encaixar no perfil desenhado - uma candidatura "independente" e "agregadora" da esquerda.
Ainda que se tenha recusado a falar no nome do ex-reitor e ex-candidato à Presidência da República, várias vezes referido pela jornalista, Santos Silva admitiu que, das candidaturas já em marcha (Gouveia e Melo, Marques Mendes, António José Seguro e António Filipe), há uma candidatura "em falta" na área política da esquerda que não se identifica com o ex-secretário-geral do PS. Em 2016, quando Sampaio da Nóvoa se candidatou e ficou em segundo lugar, atrás de Marcelo, e à frente da socialista Maria de Belém Roseira, Santos Silva apoiou a candidatura do ex-reitor.
De olhos na segunda volta, Santos Silva relativiza as divisões no eleitorado de esquerda e centro-esquerda, com pelo menos três candidaturas nessa área, afirmando que o debate é saudável ("a divisão combate-se com debate") e não é o debate saudável que impede depois a união de todos em torno da candidatura desta área que conseguir o passe para a segunda volta. Deu mesmo o exemplo da grande divisão em 1986, que resultou depois no apoio a Mário Soares na segunda volta frente a Freitas do Amaral.