
É uma vitória parcial para Sean "Diddy" Combs. O artista norte-americano foi, esta quarta-feira, foi absolvido das acusações mais graves e considerado culpado apenas de dois crimes relacionados com prostituição.
O magnata foi apenas considerado culpado dos crimes de transporte com intenção de promover prostituição. A Justiça decidiu absolvê-lo de uma acusação de conspiração para crime organizado e de duas acusações de tráfico sexual.
Após a leitura do veredito, o advogado de defesa Marc Agnifilo pediu ao juiz Arun Subramanian que libertasse Combs sob fiança. O artista está detido, desde setembro de 2024, numa prsião federal em Brooklyn, Nova Iorque.
"Esta é a sua primeira condenação e trata-se de um crime relacionado com prostituição, por isso deve ser libertado com condições adequadas", afirmou Agnifilo.
A procuradora Maurene Comey pediu, no entanto, ao juiz que mantenha Sean Combs detido até à sentença, citando os testemunhos sobre o alegado abuso cometido pelo magnata - duas das ex-namoradas do artista declararam, durante o processo em tribunal, ter sido vítimas de abuso físico e sexual.
“Está claro que o arguido representa um perigo”, afirmou Comey, acrescentando que o Ministério Público continuará a pedir uma pena de prisão .
Vai cumprir, no máximo, 20 anos de cadeia
Combs enfrentará, assim, no máximo 20 anos de cadeia - se cumprir 10 anos de prisão por cada uma das duas condenações por prostituição.
O rapper evita, deste modo, uma sentença mínima obrigatória de 15 anos, uma vez que foi absolvido do crime de tráfico sexual. Diddy poderia mesmo ter pela frente uma pena de prisão perpétua se fosse condenado por conspiração para crime organizado.
Os procuradores afirmam que, durante duas décadas, "Diddy" usou o seu império empresarial para forçar duas das suas parceiras românticas a participar em performances sexuais longas e alimentadas por drogas, conhecidas como "Freak Offs", com trabalhadores sexuais do sexo masculino em quartos de hotel, enquanto o empresário observava, se masturbava e, por vezes, filmava.
Durante as buscas feitas às casas de Combs, as autoridades encontraram drogas e mil frascos de óleo de bebé e lubrificante, que este usaria nas performances sexuais, segundo os procuradores.
Sean "Diddy" Combs, de 55 anos, declarou-se inocente das cinco acusações.
Sete semanas em tribunal
O julgamento no tribunal federal de Manhattan demorou sete semanas e foi avaliado por um júri composto por 12 membros.
Tudo começou depois de a ex-namorada de Sean "Diddy" Combs, a cantoraCasandra “Cassie” Ventura ter processado o artista por tráfico sexual, em novembro de 2023. A estajuntaram-se mais de uma centena de outras denúncias, por parte de alegadas vítimas, que acusavam Diddy de abuso.
Durante o julgamento, foi mostrado ao júri um vídeo - que já antes se tornara público - de Diddy a agredir Cassie nos corredores de um hotel em Los Angeles, com a cantora a alegar que estava a tentar fugir de uma das "Freak Offs". Um segurança do hotel testemunhou que Combs lhe pagou 100 mil dólares para entregar o que ele pensava ser a única cópia da cassete de vigilância que mostrava o ataque.
Além de Cassie, outra grande vítima em destaque no processo foi uma mulher cuja identidade não foi revelada e que se apresentou perante a Justiça sob o pseudónimo de "Jane". Acusava Diddy de a ter atacado e levado a fazer sexo oral a um trabalhador do sexo contra a vontade dela.
Os procuradores alegavam que a violência física praticada contra Cassie e Jane era uma forma de coerção que equivale a tráfico sexual, uma vez que os acompanhantes masculinos com quem participavam nas performances sexuais eram pagos. Mas a defesa de Diddy, reconhecendo que este era violento no contexto das relações românticas, alegou que a conduta não tinha equivalência a tráfico sexual. E o júri acabou por concordar.
Os jurados ouviram aindao testemunho de antigos assistentes pessoais de Diddy, que revelara, ter sido incumbidos de arranjar quartos de hotel para as "Freak Offs" e de lhe comprar drogas. Também o rapper Kid Cudi, ouvido no julgamento, afirmou que Combs estaria por trás de fogo posto ao seu carro, depois de este ter descoberto um relacionamento entre Kid Cudy e Cassie.
Para os procuradores, estes atos sustentavam a acusação de conspiração para crime organizado. O júri discordou também desta acusação e considerou que Diddy não era culpado.