"Nós distinguimos muito bem, eu tomei uma decisão ponderada na indicação de Cristina Rodrigues, pelo trabalho que tinha feito", afirmou André Ventura, que tinha a deputada ao lado.

Em declarações aos jornalistas antes da visita ao Mercado Municipal de Matosinhos (distrito do Porto), o presidente do Chega foi questionado sobre a atual deputada Cristina Rodrigues, ex-dirigente do PAN, voltar a integrar as listas de candidatos a deputados do Chega, mesmo sendo acusada pelo Ministério Público de um "crime de dano relativo a programas ou outros dados informáticos", e outro de "acesso ilegítimo" aos ficheiros informáticos do PAN. O julgamento arranca na quarta-feira.

"Há uma grande diferença entre a Cristina Rodrigues, entre o Hernâni Dias, entre o Miguel Albuquerque, entre o Luís Montenegro e entre outros. É que a Cristina Rodrigues é acusada pelo seu antigo partido de ter levado a cabo atos menos próprios", sendo acusada pela Justiça "de ter apagado e-mails" do PAN, indicou.

O líder do Chega sustentou que a questão prende-se com a diferença dos crimes e lembrou que também já teve de ir a tribunal por declarações que proferiu e por ações de campanha durante a pandemia de covid-19, que contrariaram as recomendações das autoridades de saúde.

"Eu deixei de ser líder do Chega? Não. Agora, qual é a diferença disto tudo? É que nós, quando temos alguém que rouba os portugueses, que desvia dinheiro para meter ao bolso, que desvia dinheiro dos contribuintes para benefício próprio, nós não temos dúvidas, nós pegamos nele e tiramo-lo. Somos um partido de tolerância zero com a corrupção. Não me venham cá falar agora de apagar e-mails do antigo partido", defendeu.

Ventura considerou estar em causa "um litígio de um partido contra uma deputada" e acusou o PAN de "perseguir" a número três da lista do Chega pelo círculo eleitoral do Porto, "porque saiu de um partido que está falhado, e que está com um deputado, para um partido que tem 50 deputados e que está em crescimento".

Questionado se Cristina Rodrigues se manterá na bancada do Chega caso seja condenada, o presidente do partido respondeu: "A bancada do Chega não tem corruptos".

Quando os jornalistas abordaram este tema, os apoiantes que acompanharam a iniciativa começaram a gritar "Ventura, Ventura" atrás do líder do Chega, o que o levou a parar de responder durante breves segundos, retomando quando se fez silêncio.

André Ventura assinalou o apoio, dizendo que o partido estava "cheio de gente" na visita ao Mercado Municipal de Matosinhos, e referiu que não iria "fugir à questão".

 

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