
Filipa Faria é, aos 27 anos, a mais velha da seleção portuguesa a competir nos Europeus de natação artística do Funchal, contando 22 de modalidade, com os mesmos objetivos e a mesma paixão pela disciplina.
“Essa pergunta é estranha, porque sou a mais velha atleta portuguesa a competir. Não parece, mas já faço isto há 22 anos. Tento ir sempre, se as oportunidades surgirem, estou cá para agarrá-las”, responde, em entrevista à Lusa, quando questionada sobre objetivos de futuro.
O quinto lugar no dueto misto livre nos Europeus de 2024, ao lado de Daniel Ascenso, aumentou as expectativas sobre um par que começou a trabalhar junto apenas nesse ano, e que hoje enfrenta essa mesma prova, mas no Funchal.
Na Madeira, continua acentuada a diferença de experiência do par – Filipa compete na artística há 22 anos, desde os cinco, ainda Daniel não era nascido, contando 21.
Apesar de um dueto muito recente, Faria assume uma postura encorajadora de “aprendizagem” e de evolução, porque sentem que “ainda há muita coisa para aprender no panorama internacional”.
“Mesmo que achemos que pode haver mais pressão do público português, não o sentimos no lado internacional. À beira dos grandes, ainda somos muito pequeninos, e queremos evoluir, melhorar tecnicamente e artisticamente, para chegarmos cada vez mais longe e inspirar novos portugueses a seguirem os nossos passos”, conta.
A competir ‘em casa’ no Funchal, depois do quinto lugar de Ascenso com Maria Beatriz Gonçalves no dueto técnico, na segunda-feira, a nadadora do GesLoures congratula-se com o efeito que este Europeu possa ter no país, “porque certamente fará com que muitos que não conhecem a modalidade, ouçam falar dela”.
“É ótimo para chamar mais público, mais praticantes, pessoas interessadas. Para nós, será supergiro, nunca nadei em casa numa competição deste tamanho. Vamos desfrutar imenso de ter o carinho do público português”, admite.
Fora da natação artística, é formada em Informática e trabalha como consultora de tecnologia numa multinacional de topo em Portugal. No que toca à conciliação de carreiras, gostaria de sentir-se “um exemplo”.
“Trabalho oito horas diárias e ainda estou aqui, conciliando as quatro horas por dia de treino com essas oito. Gostava que as pessoas, e as mais jovens, percebam que não é impossível continuar depois da faculdade, mesmo sendo difícil, exigindo sacrifícios”, afirma.
Assim, gostava de continuar a influenciar outras e outros a manterem-se “no desporto ao mais alto nível nesta altura da vida, ainda a competir e a desfrutar”.
Ao Funchal, admite, chega “sem pressão”, nem pelo resultado passado, nem pelo público nas bancadas, que tem enchido para apoiar os duetos lusos, garantindo “dar o melhor” e confiante de que isso levará a um bom posto na tabela final.
“A ilha da Madeira é fantástica e as condições da piscina são brutais. Esperemos que receba mais eventos da artística aqui, e que Portugal passe a ser referência internacional para este tipo de provas de elite”, remata.