
O Ageas Cooljazz regressa a partir de hoje ao palco do Prquw Marechal Carmona, em Cascais, pela mão da promotora Live Experiences que desde 2004 assumiu a realização do festival. A CEO da Live Experiences, Karla Campos, detalha em entrevista à Forbes Portugal as novidades em termos de cartaz e de como mantém o propósito da responsabilidade social num festival que se faz de música, mas também de inclusão. Karla Campos acredita que, pelo menos, 45 mil pessoas irão participar nos onze dias do evento. E deixa a expetativa de, num futuro próximo, conseguir preencher os 31 dias de julho com o seu Ageas Cooljazz.
Ao longo dos dias do evento são milhares os festivaleiros que rumam à vila, que acaba por recolher o impacto económico, mas cultural na vila. Tentámos perceber como a vila recebe o festival e a resposta veio do vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, Nuno Piteira Lopes, realça que “olhamos para a cultura como parte importante do desenvolvimento do nosso concelho. Por isso, apostamos na promoção de eventos de elevados padrões e que, para além de contribuírem para uma maior riqueza cultural junto da nossa comunidade, são importantes para dinamizar a nossa economia local”. Nuno Piteira Lopes salienta que “o Ageas Cooljazz é, sem dúvida, um dos melhores exemplos deste posicionamento. Traz ao coração da nossa vila grandes nomes da arte e milhares de visitantes”.
A 21ª edição do Ageas Cool Jazz já está no terreno. O que foi preparado para continuar a surpreender o público?
O festival decorre no mês de julho, todos os anos. Estou a ocupar 11 dias do mês de julho. Um dia gostava de fazer os 31 dias de julho. É um grande objetivo de um dia chegar, em termos de programação, que ocupe os dias todos do mês de julho. Até conseguir ter programação gratuita com mais abrangência. Anunciámos do Cascais Lazy Sundays, que é aos domingos, que já começámos há alguns anos, mas cresceu de tal forma que precisámos de ir para um espaço maior. Então, viemos para o Jardim da Parada, que é um jardim que é mesmo em frente ao festival e conseguir receber mais público.
Em termos do cartaz deste ano, quais são as novidades?
É sempre um desafio fazer um cartaz. Conseguir os artistas, a agenda dos artistas, os valores que eles pedem. Agradar para que o público também goste. Estes são os desafios que todos os anos nos colocamos. Depois a parte da responsabilidade social que o festival tem, a sustentabilidade do ponto de vista da economia circular, do carbono zero, da ação social. Conseguimos, anualmente, com o que resta de cada dia do festival, recolher e entregar refeições a uma entidade, que é a Casa, uma associação em Cascais, que depois alimenta várias famílias. Isto dá uma média de 500 refeições por ano. O que é bom. Não vai para o lixo, vai para alguém que precisa. E temos várias ações sempre de responsabilidade. Temos estagiários que trabalham conosco, que vêm ou da ETIC, ou da ESHTE, que é a Escola Superior da Hotelaria de Estoril. A parte do concurso de talentos, que promove não só o jazz, mas também atrai músicos que provavelmente não são tão vistos ou tão chamados pelo estilo que são. E todo este lado, que não é só um festival de música, que é o seu grande objetivo, mas é também a parte toda de sustentabilidade, que o festival desde o início sempre se preocupou e que continua fortemente a apostar nisso.
Esta parceria com a AGEAS vai para o segundo ano. Quais os ensinamentos a retirar?
Começámos no ano passado. Ao fim de um ano o balanço é muito positivo, estamos muito satisfeitos, e eles também estão muito satisfeitos com a parceria, porque os valores e o DNA de ambas as partes são idênticos, e isso é muito importante. É um bom casamento, e só quando estamos todos alinhados e temos os mesmos princípios, os mesmos valores, é que é possível as coisas correrem bem. Está a correr muito bem. Com a Câmara de Cascais, então, já é uma vida. O vice-presidente renovou a vontade de continuar por muitos e muitos anos. Por isso, é com estes parceiros que nos ajudam a tornar possível, às vezes, parte dos processos mais difíceis de pôr um festival desta dimensão e de cada vez ter mais concertos e nomes mais fortes. E, sem dúvida, as parcerias são fundamentais.
Este ano, qual a expectativa de visitantes no festival?
Diria que ficará muito similar ao ano passado, que foi cerca de 45 mil. Vamos chegar aos 45 mil, mas ainda há dias muito fortes e muito grandes este ano, com nomes como o Seal, o Slow J, o Benjamin Clementine, os Gilsons, são dias em que vamos receber muita gente. E as vendas estão a correr bem. Mas só penso nisso no final do jogo.
As palavras inclusão e diversidade marcam a história do festival. Este ano as primeiras partes dos concertos serão quase todas feitas por cantoras?
Sim, quase todas mulheres. E no palco do Jazz, das sete noites, quatro são quartetos de mulheres. Esta é uma preocupação que eu sempre tive. É muito difícil na música, porque a maior parte dos músicos artistas são homens. Estou a sentir no mercado esse surgimento incrível de uma quantidade enorme de mulheres a produzir a música, quer ao nível de bandas de DJ, de Jazz, de Soul, de R&B, de Rock. E eu, claro, estou atenta e quero trazê-las e têm uma qualidade incrível de composição.
Olhando para a vertente do negócio, sabendo que no mercado português não é possível aplicar preços elevados nos bilhetes como no resto da Europa, em quanto teria de subir os preços para ser comparável com as outras realidades?
Bastava nivelar um pouco por aquilo que se passa no resto da Europa, Inglaterra, França, mas estamos a falar de economias muito evoluídas. Há dias no Ageas CoolJazz em que, num dia de festival, como no dia do Brasil, o bilhete mais barato, são 25 euros. Paga-se 25 euros e vê-se quatro concertos. Isto noutro lado fora de Portugal, se calhar, pagava-se 50, 60, ou 70 euros. E, portanto, há aqui uma diferença.