O ministro francês do Comércio Externo, Laurent Saint-Martin, disse hoje que o acordo entre a União Europeia e os Estados Unidos é desequilibrado e que o bloco europeu deve afirmar-se como uma potência económica.

Laurent Saint-Martin afirmou à France Inter, sem especificar, que o acordo tem como fundo uma questão política e que a Europa deve assumir-se como uma potência económica, sobretudo no sector dos serviços.

Eu não quero que fiquemos pelo que aconteceu ontem [domingo]", disse o ministro francês, considerando que o acordo com os Estados Unidos é desequilibrado”.

O acordo comercial anunciado no domingo em Turnberry, na Escócia, pelo chefe de Estado norte-americano, Donald Trump, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, prevê a taxa de 15% sobre produtos europeus.

O acordo prevê também o compromisso europeu sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares e o investimento de 600 mil milhões adicionais, além de aumentar as aquisições de material militar.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, afirmou também hoje que o acordo comercial é sustentável, mas frisou que vai ser necessário analisar os detalhes.

À margem da cimeira das Nações Unidos sobre sistemas alimentares que decorre hoje na Etiópia, Meloni disse ainda que o agravamento das relações comerciais entre a Europa e os Estados Unidos teria consequências imprevisíveis e devastadoras.

Mesmo assim, para a chefe do Governo de Roma é preciso estudar os detalhes do acordo, porque, sublinhou, o documento assinado no domingo é um acordo-quadro que juridicamente não é vinculativo.

Há uma série de elementos que faltam, assim como não sei a que se refere quando se fala de investimentos sobre a compra de gás, declarou Meloni.

Na Alemanha, a federação que representa os fabricantes de automóveis disse que os direitos aduaneiros de 15% que podem vir a ser aplicados aos automóveis europeus que entram nos Estados Unidos podem pesar sobre as empresas alemãs do sector.

Hildegard Mueller, presidente da federação dos fabricantes de automóveis alemães VDA, afirmou que os direitos aduaneiros norte-americanos de 15%, que também se aplicam aos produtos automóveis, vão custar milhares de milhões de euros – todos os anos – às empresas automóveis da Alemanha.