
Chama-se Circle Payments Network (CPN) e é uma plataforma concebida para permitir a liquidação em tempo real de pagamentos transfronteiriços utilizando moedas estáveis regulamentadas (‘stablecoins’). Criada pela Circle Internet Group, empresa global de tecnologia financeira, conta com a colaboração de bancos como Santander, Deutsche Bank, Société Générale e Standard Chartered para criar uma nova infraestrutura baseada em ‘blockchain’ que resposta às necessidades dos bancos e instituições financeiras em todo o mundo.
A rede vai conectar bancos, neobancos, fornecedores de serviços de pagamento, fornecedores de serviços de ativos virtuais e carteiras digitais, permitindo a liquidação em tempo real de pagamentos internacionais usando ‘stablecoins regulamentados’. Não é divulgado quando estará operacional.
Apesar das melhorias, os pagamentos transfronteiriços ainda podem levar mais de um dia útil para serem liquidados e custar mais de 6%, de acordo com o Banco Mundial, “impactando desproporcionalmente” os mercados emergentes e limitando sua competitividade global, refere a empresa. Os atrasos são causados por múltiplos intermediários, verificações de conformidade, horários de fecho dos mercados locais e horários de funcionamento fragmentados entre jurisdições.
Concebida para trazer eficiência a um sistema fragmentado de pagamentos transfronteiriços, a CPN fornece às instituições financeiras uma “forma moderna” de movimentar dinheiro a nível global com velocidade e transparência, explica a empresa em comunicado.
A CPN é regida por um quadro que exige que os participantes cumpram normas de elegibilidade rigorosas, incluindo o licenciamento, a conformidade com a LBC/CFT (prevenção do branqueamento de capitais e do financiamento do terrorismo), a gestão de riscos financeiros e os protocolos de cibersegurança, explica.
“Ao alavancar o USDC, o EURC [‘stablecoins’ cridas pela Circle indexadas ao dólar e ao euro, respetivamente] e outras ‘stablecoins’ regulamentadas, a CPN permite uma conetividade perfeita com os sistemas de pagamento domésticos em tempo real em todo o mundo, mantendo a conformidade, a segurança e a confiança necessárias para que as instituições financeiras cumpram as suas obrigações regulamentares”, sublinha a empresa.
Bancos como consultores
Para garantir que a CPN é construída com padrões de confiança e integridade operacional, a rede está a ser construída com a colaboração dos bancos Santander, Deutsche Bank, Société Générale e Standard Chartered. “O Standard Chartered está continuamente à procura de oportunidades para tornar os pagamentos transfronteiriços mais eficientes, seguros e compatíveis com vários requisitos regulamentares, a nível global”, disse Michael Spiegel, diretor global da Transaction Banking do Standard Chartered Bank, no mesmo comunicado. “A abordagem da Circle que coloca a conformidade em primeiro lugar na criação de produtos como o CPN é um divisor de águas na forma como o dinheiro circula através das fronteiras, e temos o prazer de desenvolver a nossa parceria e oferecer-lhes a nossa experiência global para apoiar o sucesso do CPN”, acrescenta.
Também Ana Botín, presidente executiva do Grupo Santander, salientou a importância desta rede. Numa publicação na sua página de LinkedIn, onde destaca que o Santander é um dos parceiros bancários globais que contribuem para a conceção da CPN, Botín salienta o facto de os pagamentos transfronteiriços ainda poderem levar mais de um dia útil para serem liquidados. “Com base numa infraestrutura de contrato inteligente, API modulares e alavancagem de ‘stablecoins’ regulamentadas, podemos permitir uma conetividade ininterrupta, 24 horas por dia, 7 dias por semana, a sistemas de pagamento nacionais em tempo real em todo o mundo, reduzindo custos e melhorando a velocidade para os nossos clientes”, salientou.