Diogo Alexandre esteve no centro da polémica desde o início da Casa dos Segredos 8, mas conseguiu manter a postura perante os ataques. Contudo, quem não tem vivido esta experiência com a mesma tranquilidade são os pais, que, gentilmente, aceitaram receber a equipa de reportagem da TV 7 Dias em sua casa. Durante mais de uma hora, Alice e Manuel Pires partilharam toda a história de vida do filho e comentaram, ainda, os conflitos nos quais o concorrente tem estado envolvido.
O jovem, de 32 anos, já partilhou com os colegas a difícil relação que tem com o pai, mas é algo que pretende resolver, como fez questão de dizer na mensagem de aniversário que enviou para o progenitor. Contudo, as dificuldades na sua vida começaram logo à nascença. “O parto foi muito complicado. O meu filho nasceu com Apgar 3, ele entrou em sofrimento fetal e foi muito complicado. Esteve oito dias na incubadora. A sorte, talvez, é que ele nasceu com 3,850 kg e conseguiu sobreviver a este impacto todo do exterior”, começa por contar a mãe.
Ultrapassada esta fase, estava na hora de ir para a sua casa, mas nem sempre as coisas correram bem durante os seus primeiros tempos de vida. Alice é enfermeira, Manuel é polícia e ambos trabalhavam por turnos. Então houve necessidade de contratar alguém para tomar conta da criança. Com as primeiras duas pessoas tudo correu bem, até que foi preciso substituir a última rapariga por uma outra empregada e aqui é que a “porca torceu o rabo”. “Era um bocado complicado, pois maltratava um bocado o meu filho e eu tive de mandá-la embora”. “Ela esteve cá dois meses e, a determinada altura, apercebi-me que, quando chegava a casa, o meu filho agarrava-se muito a mim. Então, um dia, fingi que ia trabalhar e não fui. Fiquei em casa e vi, de facto, que ela maltratava o miúdo, punha-o de castigo a brincar, e ela punha-se a ver televisão ou no telefone”, partilha, em lágrimas, revelando ainda que esta pessoa, inclusive, chegou a bater no concorrente. A jovem foi então despedida e tiveram de recorrer à avó paterna para cuidar do rapaz.
Toda a verdade sobre a relação com o pai
Dentro da casa mais vigiada do País, Diogo nunca escondeu que mantinha uma relação tensa com o pai. “Tento desculpar algumas das atitudes do meu pai, pela própria infância que ele teve, e desculpo e respeito. Mas, efetivamente, a nossa relação… o diálogo é muito complicado. Quase impossível”, revelou a alguns colegas. Segundo Alice, o marido teve “uma infância difícil, muito traumática. O pai abandonou-o tinha oito meses na barriga da minha sogra. Conheceu o pai aos 14 anos”. “Ele era ausente, era tudo novo para mim e acabei por sentir aquele impacto de estar a conhecer o meu progenitor, era uma criança e, naquela idade, a gente só apetece chorar”, complementa Manuel. Segundo Alice, o seu sogro teve de emigrar para Angola. Contudo, não quis perder o contacto com a família e escrevia cartas à esposa, com dinheiro, para ajudar na criação dos filhos, que eram levadas para os correios, na cidade, por uma outra pessoa. O certo é que o dinheiro nunca chegava a Portugal. Gracinda, que vivia em Bragança, viu-se obrigada a colocar o filho num colégio interno, no Porto. Na altura, a vida era muito difícil. “Ela só via o filho nas férias grandes, quando pegava no miúdo para passar as férias”, tanto que, da primeira vez que o foi buscar ao colégio, passados meses de internato, Manuel não reconheceu a própria mãe. Além disso, “ele via os amigos a terem visitas, crianças a irem para casa, e ele não tinha ninguém. Por isso eu compreendo o pai, no fundo”, acrescenta Alice.
Contudo, embora consiga compreender o feitio do companheiro, houve uma altura em que o encostou à parede devido à forma como tratava o filho. “O pai implicava muito com o filho. Houve uma altura em que eu dizia ao pai: ‘Se eu tenho de escolher, eu escolho o filho, não te escolho a ti’. Parecia amor-ódio. Implicava com tudo o que o filho fizesse. O filho fazia uma coisa que ele não gostava e era logo a ralhar, a castigar. Era muito mau. Era uma coisa muito esquisita, que eu nunca conseguia perceber”, revela Alice, que nos conta ainda que, numa fase mais complicada da relação, teve de recorrer a ajuda especializada. “Sei que houve ali uma fase muito má, em que eu tive de arranjar uma pedopsiquiatra para o Diogo, porque ele não estava a conseguir aguentar o pai. E era nessa altura que eu dizia ao pai: ‘Ou mudas o teu comportamento ou então eu escolho o filho, não te escolho a ti’. Depois acalmava, depois ia outra vez à carga”, admite, explicando que o que a levou a colocar Diogo numa especialista foi a alteração no seu estado de espírito. “Chegou uma altura em que andava triste e não falava”, recorda. Passado algum tempo de acompanhamento, Alice foi falar com a pedopsiquiatra, que lhe explicou que o jovem não tinha qualquer problema de desenvolvimento. “Se calhar, é mais a parte exterior que tem de ser tratada, e não o Diogo”, indicou a especialista, dando a entender que a grande questão estava no seu seio familiar.
Questionado sobre os motivos que o levavam a reagir assim com o filho, Manuel não consegue dar grandes explicações. “É verdade que existiam episódios em que eu seria mais impulsivo e implicava, se calhar, demasiado com o Diogo. Quando ele vinha da escola, se calhar exigia que fizesse alguma tarefa ou exigia qualquer coisa dele e implicaria mais com ele. Passados estes anos todos, a gente pensa assim: ‘Andavas cansado ou do trabalho ou isto ou aquilo e descarregavas ali’. Como pai, naquela altura, não tinha, por vezes, aquela sensibilidade de ver de uma forma mais ampla porque, por vezes, não são problemas, são pequenos episódios que nós é que empolgamos mais”, admite. Alice decide, entretanto, recordar uma dessas situações. “O meu filho tocava numa banda filarmónica e houve um dia em que não quis ir ao ensaio, porque estava cansado. O pai castigou-o severamente e ele foi a chorar para o ensaio”, conta. Manuel interrompe para assumir que, nesse dia, lhe deu “um estalo”, o que acabou por criar atritos entre o casal.
A relação extraconjugal e o perdão
Quando Diogo tinha 14 anos de idade, aconteceu-lhe outro episódio na vida que lhe ficou marcado na memória. O jovem, juntamente com os pais, tinha ido para Islantilla, em Espanha, para passarem o Natal. “O meu marido, nessa altura, andava muito estranho. Não queria ir, mas nós já tínhamos tudo pago e foi contrariado. Quando nós íamos para a Missa do Galo, ele começou a provocar, estávamos no carro e ele travava de repente, mesmo em tom de provocação. E eu dizia: ‘Vai devagar, porque é que estás a fazer isso?’ e ele ainda fazia pior. Eu lembro-me que o Diogo ia no banco de trás e disse: ‘Pai, por favor, não faças isso’. Ele começou logo a arranjar uma discussão muito forte. Depois, a Missa do Galo já não foi o que era, estávamos um para cada lado na igreja. Voltámos para o hotel e, quando chegámos, o pai disse: ‘Vou-me embora, vocês ficam aqui’. Abandonou-nos lá e veio embora”, diz Alice, que foi deixar o marido, a seu pedido, na paragem de autocarros e no dia seguinte voltou com o filho, de carro, para Lisboa. A relação entre ambos ficou péssima nessa altura, mas acabou por dar uma nova oportunidade a Manuel.
Contudo, mais tarde, o pai ofereceu-lhe o seu telemóvel, que estava formatado, mas houve mensagens que se mantiveram no equipamento e foi aqui que o jovem descobriu que Manuel andava a trair a sua mãe. “Como eles andavam sempre pegados um com o outro”, Alice não acreditou na palavra do filho, que lhe garantiu ser tudo verdade. “Eu, tontinha, quando ele veio, eu disse ‘olha, eu não sei, mas acho que o filho está a ter ciúmes. Vou ter de o levar à psiquiatra porque ele não fez bem o Complexo de Édipo’”, recorda. No entanto, pediu o referido telemóvel, que o marido, entretanto, já tinha tirado ao filho, para “ligar para aquilo que o Diogo tinha visto, para a pessoa. Ele não deixou e dizia que era mentira. Eu comecei logo a tratar de divórcio, mas comecei também a fazer de detetive, porque ele dizia sempre que eu estava a cometer uma coisa má, porque não era verdade”. A certo dia, Alice encontrou o marido com a alegada amante e não perdeu tempo. Foi falar com ele. “Foi na hora, no sítio onde ele estava com a pessoa. Confrontei-o e ele não assumiu, sempre negou, mesmo ali na hora, à vista de todos, e nunca assumiu”, lamenta. Ainda assim, acabou mesmo por pedir o divórcio, que foi decretado em 2010, o que agravou ainda mais a relação entre pai e filho. Nessa altura, Diogo ficou revoltado. “Houve um corte durante uns anos, estive algum tempo sem falar com ele, ou não o procurava ou quando o procurava havia muita frieza, porque ele estava muito magoado e eu fui dando espaço”, reconhece o pai.
Manuel ainda manteve uma relação amorosa com a outra mulher, mas as coisas acabaram por terminar. Entretanto, quando já estava sem ninguém na sua vida, este homem foi diagnosticado com cancro da próstata e, desta forma, começou a haver uma reaproximação à sua ex-mulher. “Ele ligou, pediu ajuda e eu senti que teria mesmo de dar uma mão ao pai do meu filho e tinha de lhe dar mais uma oportunidade. Eu não queria que o pai do meu filho fosse um vagabundo por aí a morrer de doente e maltratado”, admite Alice. “Depois encontrávamo-nos casualmente, falávamos casualmente e, com o casamento do Diogo, foi aí que houve maior aproximação”, conta Manuel.
Contudo, este também não foi um momento pacífico. O jovem celebrou o seu casamento a 13 de novembro de 2021, mas não queria que o seu progenitor estivesse presente. “O Diogo não o queria levar ao casamento. A futura mulher é que disse que o queria lá e o Diogo cedeu e levou o pai. Depois, a partir daí, a relação ficou mais próxima, tanto a minha como a do filho”, embora o jovem não tenha aceitado, de bom grado, que os pais voltassem a ter uma vida de casal. “O Diogo disse: ‘Mãe, tu vais sofrer outra vez’, mas eu disse: ‘Ó filho, temos de ajudar o pai, temos de o apoiar’. Ele veio modificado, uma pessoa diferente, para melhor”, admite Alice. O concorrente reconhece que Manuel está diferente, “mas como têm o feitio tão parecido, chocam-se muito mesmo, é um choque constante, mas de maneira diferente de antigamente”.
Durante o programa, Diogo já mandou mensagem ao pai a dizer que não vai desistir dos dois, algo que tocou no coração do seu progenitor. “Essas palavras dele, de me dar esta abertura, levam-me a refletir que é um momento em que eu próprio também tenho de pensar e ir ao encontro dele e ser mais compreensivo. A nossa relação vai ser totalmente diferente. Para nós, é insignificante o prémio, porque sabemos que o Diogo vem muito melhor. Vem um homem, vem um filho mais ternurento. Ele próprio diz que quer dizer à mãe ‘amo-te’ muitas vezes e que me quer perdoar. E isso é o melhor que pode acontecer.”
Depressão grave
O casamento de Diogo não durou nem dois anos. Os dois acabaram por se divorciar, a 24 de janeiro de 2023, uma decisão que partiu do concorrente e que foi aceite pela sua “ex”. Sobre os motivos, Alice não quer falar. Revela apenas que foi algo “muito grave”. Como continuava a gostar da rapariga, o jovem acabou por entrar num estado depressivo profundo. “Teve uma depressão mesmo grave, onde teve acompanhamento psiquiátrico e psicológico. Eu vi o meu filho no fundo”, diz a mãe, que tentou ajudar o filho da forma que pôde. “Eu tenho um mestrado em saúde mental e psiquiatria. Eu tentei, com os conhecimentos que eu adquiri, ajudar o meu filho nesse campo. E julgo que consegui, de alguma maneira, dar-lhe o espaço dele. Também com a ajuda da psiquiatra e da psicóloga, consegui que o miúdo saísse daquele sofrimento em que ele estava”, adianta.
Souberam que o filho é mórmon no programa
A entrada na Casa dos Segredos 8 foi uma surpresa para os pais, que só sabiam que o filho ia estar ausente durante três meses. Inicialmente, pensaram que pudesse ser uma viagem. Só quando lhes pediu para o irem levar ao hotel é que ficaram com a certeza daquela que seria a nova aventura de Diogo. Contudo, esta experiência está a ser, para ambos, bastante dolorosa. “Já chorei muito. Cheguei a mandar mensagens para a produção a perguntar se o Diogo queria sair, se ele estava bem. Eles diziam: ‘Não se preocupe, nós temos cá psicólogo, ele está bem, ele não quer sair’. Mas foi muito mau, chorei muito”, admite Alice, que, na sua opinião, “parecia que estavam todos com vontade de o aniquilar”, com exceção de Leomarte Freire, Gonçalo Coelho e Margarida Barroso. E aqui têm uma crítica a fazer à produção do formato. “Deviam ter feito alguma coisa mais para o proteger. Nenhum ser humano merece o que o Diogo sofreu. O Diogo tem uma personalidade muito forte, porque ele podia ter ido abaixo psicologicamente e era muito grave depois tirá-lo outra vez desse buraco”, lamenta a mãe. Já o pai diz que “a Voz, enquanto moderadora e que tem acesso a todas as imagens, devia ser mais interventiva, de forma a evitar injúrias, tentativas de agressão, seja psicológica ou física, e, por vezes, deixava até um determinado limite. Depois, deveria haver consequências”.
O segredo que o jovem levou para o programa foi também uma surpresa para os pais, que só na estreia é que souberam que o filho é mórmon, embora já soubessem que ele estava ligado a uma religião, mas o jovem nunca lhes disse qual seria. “Eu não sabia, depois é que eu vim a saber. Já conheço os bispos, já conheço as pessoas da igreja, depois destas coisas todas, mas não sabia isto. E sei que ele procurou, estudou e quer conhecer este novo caminho e, se escolheu este caminho, é porque lhe diz alguma coisa”, conclui Alice, que acredita que esta decisão esteja relacionada com tudo o que sofreu com o divórcio.
Textos: Carla Ventura (carla.ventura@impala.pt) Fotos: Divulgação TVI e Redes sociais