
Na madrugada desta quinta-feira, 3 de julho,Diogo Jota e o irmão, André Silva, perderam a vida num acidente de viação na A52, em Zamora, Espanha. O internacional português tinha casado há poucos dias com a companheira de longa data, deixando também três filhos menores.
Na altura, foi noticiado que Diogo teria apanhado "boleia com o irmão" com o objetivo de "apanhar o ferry" com rumo a Inglaterra pois evitava há algum tempo andar de avião devido a um problema de saúde. Agora, o fisioterapeuta respiratório do futebolista, Miguel Gonçalves, contou mais detalhes, revelando que Diogo sofreu “uma pequena fratura na costela num jogo ao serviço do Liverpool“.
“Fez um pneumotórax no final do ano passado, recuperado, entretanto teve uma recidiva, teve indicação para ser operado antes da Liga das Nações. Só para perceber o profissional e o homem dedicado que ele era ao futebol, à seleção e à sua arte, ele escolheu não ser operado antes da Liga das Nações para dar o seu contributo na Seleção Nacional. Ele tinha o feeling que Portugal ia ganhar e ganhou. E depois sim é operado e, como teve um pneumotórax, teve que fazer um procedimento cirúrgico, que é um espécie de colar a pleura ao pulmão“, explicou em direto no canal NOW, referindo que não era recomendando que viajasse de avião “nas primeiras cinco, seis semanas“.
“Ele veio para Portugal, não veio de avião, compromissos familiares e, inclusive, o seu casamento. Veio para Portugal de barco, depois de carro, passa as suas férias, está com a sua família. Entretanto, faz fisioterapia respiratória comigo no tempo que está cá, faz uma recuperação fantástica, o Diogo era um profissional dedicado, colaborante, cumpridor de todas as recomendações clínicas“, destacou.
"Sabia que não podia andar de avião, planeou tudo ao detalhe"
Miguel Gonçalves disse que esteve com o jogador de futebol "antes dele viajar" e que este "estava animado, sentia o pulmão normal, sentia-se bem, estava orgulhoso pela sua recuperação, estava com uma vontade enorme de começar a pré-época". "De facto, viajou com o seu irmão de carro para depois apanhar o ferry que o levava ao sul de Inglaterra, para depois se apresentar na segunda-feira em Liverpool, para uma avaliação pelo departamento médico.“
“Eu estive em casa dele ontem [dia 2] à noite, para o último tratamento. Estava bem-disposto, estava muito orgulhoso de ter recuperado do seu problema pulmonar, estava feliz. Estavam os dois entusiasmados, tinham passado algum tempo juntos na viagem. Foi trágico porque ele tinha recuperado bem, estava pronto para regressar, sabia que não podia andar de avião, planeou tudo ao detalhe, ele não ia direto para Santander, ele ia ficar num hotel a meio para não se cansar“, recordou.
Para evitar as altas temperaturas, Diogo e André decidiram viajar de noite: “Era mais fácil, menos trânsito para ele, o calor que se sente em Portugal e em Espanha, viajar seis a oito horas de carro também não era confortável. Ele preferiu estar mais tempo com a família, jantar, descansar e depois fazer uma viagem até mais ou menos a meio do caminho para acordar de manhã e continuar a sua viagem para apanhar o ferry. Uma das justificações foi de facto mais conforto na viagem à noite“, esclareceu. E lamentou: "Ainda está difícil acreditar que ontem estávamos a despedir-nos e estávamos a combinar uma reunião para continuar a recuperação dele em Liverpool.“
"Ele foi embora, despediu-se da família e foi com o irmão, a família ia lá ter de avião e iam-se encontrar todos em Liverpool na sexta-feira. Sim, ele juntou este último dia, mal sabia ele o que ia acontecer, à família e nunca se esqueceu da sua recuperação“, rematou.