A Companhia das Lezírias marcou presença reforçada na edição deste ano da Feira Nacional de Agricultura, em Santarém. Sónia Ferreira, vogal do Conselho de Administração, explicou que essa aposta não só fazia sentido como era inevitável. “A presença da Companhia das Lezírias no maior certame agrícola do país era imprescindível. Não fazia sentido não estarmos presentes, e não estarmos presentes de forma reforçada, porque temos essa responsabilidade acrescida, enquanto empresa de capitais do Estado.” Para Sónia Ferreira, a empresa tem vindo a assumir um papel cada vez mais visível e determinante no panorama agroflorestal nacional. “Temos feito esse caminho de maior presença, não só no território, mas também na comunicação, nas nossas redes sociais, para que as pessoas conheçam melhor a dimensão e a variedade das nossas áreas de atuação.”

Questionada sobre o que torna a Companhia das Lezírias tão singular no panorama nacional, Sónia Ferreira não hesita. “Somos a maior exploração agropecuária e florestal do país. Temos o maior montado de sobro de Portugal, com cerca de 20.000 hectares, situados a apenas 30 minutos de Lisboa. E não nos podemos esquecer que desde 2013 também temos a responsabilidade da gestão da Coudelaria de Alter Real.” O stand da Companhia na feira apresentou várias áreas de produção emblemáticas: cortiça, vinho, arroz, milho, cavalo, e produtos do montado. Mas, além disso, houve espaço para destacar uma nova aposta que tem vindo a ganhar força: o turismo.

Sónia Ferreira explica que esta é uma área recente na empresa, mas com grande potencial. “Começámos a dar ênfase ao turismo, que até então praticamente não existia na Companhia das Lezírias. Todas as nossas áreas podem ser hoje exploradas como experiências turísticas. E já temos vários pacotes, várias ofertas, incluindo programas personalizados para grupos restritos. Tivemos, por exemplo, este ano, turistas estrangeiros que pediram programas feitos à medida para grupos de cinco a dez pessoas.” Sublinha, contudo, que esta nova dimensão turística está a ser construída com respeito absoluto pelas raízes. “Queremos dar um cunho de modernidade sem nunca esquecer as tradições. É essencial manter os costumes, aquilo que somos.”

A sustentabilidade surge, naturalmente, como um dos eixos centrais do trabalho da Companhia, em linha com o tema desta edição da feira. “A modernidade passa muito pela sustentabilidade. E é preciso dizer isto claramente: os agricultores são os melhores amigos do ambiente. Sem solos de qualidade, sem animais bem tratados, não há agricultura nem criadores. E felizmente, já começamos a ver um paradigma a mudar. As pessoas estão a perceber que não há ambiente sem agricultura nem agricultura sem ambiente.” Segundo Sónia Ferreira, esta consciência ambiental está refletida em várias práticas concretas. “Estamos a aplicar métodos de controlo de pragas que respeitam o ecossistema, temos produção biológica em muitas áreas e procuramos sempre as soluções mais amigas do ambiente. Um dos grandes objetivos da Companhia é precisamente esse: ser o espelho das boas práticas agronómicas em Portugal.”

Interrogada sobre os investimentos recentes, Sónia Ferreira destaca o esforço em infraestruturas e equipamentos. “Estamos a substituir os pivôs e a modernizar toda a gestão da água. Fazemos regas nos horários mais eficientes e controlamos com precisão os consumos. Temos também as nossas vinhas em modo biológico. E, por exemplo, um dos nossos vinhos de referência chama-se Tyto Alba, que é o nome da coruja-das-torres, uma aliada natural no controlo de pragas nos campos. É a natureza a ajudar-nos, e nós a respeitá-la.” Referiu ainda que a proximidade geográfica com Lisboa, Setúbal e Santarém dá às produções características únicas. “Os nossos vinhos têm particularidades que os distinguem dos típicos vinhos do Tejo, com influências do Sado e da zona de Lisboa.”

No setor equestre, a participação da Companhia na Feira Nacional de Agricultura foi particularmente celebrada, com vários prémios conquistados. “Claro que sim, foi muito importante. Temos o berço do cavalo Lusitano, um símbolo de Portugal. E é preciso recordar que a Coudelaria de Alter Real é a mais antiga do mundo ainda a funcionar no mesmo local. Este ano organizámos o primeiro concurso internacional de dressage quatro estrelas feito em Portugal, que foi um enorme sucesso. Os júris elogiaram muito não só a organização, mas principalmente as condições que conseguimos oferecer, ao nível do melhor que se faz lá fora.”

Sónia Ferreira conta ainda que este regresso em força ao setor equestre incluiu a retoma dos concursos de saltos, após duas décadas de ausência. “Foi num fim de semana muito chuvoso, mas foi um verdadeiro sucesso. Vieram cavaleiros muito jovens que nunca tinham estado na Companhia, e ficaram deslumbrados. Não imaginavam que, a vinte minutos de Lisboa, existia este paraíso. Temos muito por onde crescer. Damos passos pequenos, porque o turismo ainda não é o core da empresa, mas vai ganhar cada vez mais importância.”

Sobre a relação com a comunidade, Sónia Ferreira destaca a abertura crescente da Companhia. “Estamos de portas abertas, cada vez mais. Recebemos visitantes, grupos privados, famílias. E há um setor muito especial que ainda não tinha referido: a educação ambiental.” Referia-se ao EVOA – Espaço de Visitação e Observação de Aves, situado na lezíria do Tejo, no concelho de Vila Franca de Xira. “É um espaço extraordinário, onde podemos observar aves, fazer birdwatching, visitar uma exposição interativa e receber escolas de todo o país. Inaugurámos uma nova exposição há cerca de um mês e temos grupos escolares quase todos os dias. Os alunos vivem experiências únicas, e muitas vezes são eles que trazem depois os pais. É uma forma de ligar as novas gerações à agricultura, à natureza, à tradição.”

No EVOA, além da exposição, há também um simulador de voo sobre a Lezíria, que permite aos visitantes sobrevoar virtualmente o território até à Ermida da Nossa Senhora da Fé. “São experiências que encantam os miúdos e sensibilizam para a preservação da natureza. Temos também um público estrangeiro muito fiel, que vem propositadamente ao EVOA para observar determinadas espécies de aves. É um mercado em crescimento no mundo inteiro e Portugal está cada vez mais no mapa.”

A terminar, Sónia Ferreira voltou a sublinhar o orgulho nos prémios recebidos na feira. “Foi no dia 10 de junho, o Dia de Portugal. Ganhámos quase todos os prémios possíveis na área equestre. É um reconhecimento muito especial. E é sobretudo um reconhecimento para os nossos trabalhadores, que estão com os animais de sol a sol. Não é um trabalho fácil. Mas é um trabalho que está a ser muito bem feito. Temos equipas de excelência.”