A infância deveria ser território inviolável. Mas em Gaza, ela foi reduzida a escombros, poeira e silêncio. As crianças, que deviam correr nas ruas, aprendem a rastejar entre destroços. A guerra não lhes deu tempo para crescer.

Segundo os dados mais recentes das Nações Unidas, mais de 14.000 crianças podem morrer nas próximas 48 horas se a ajuda humanitária continuar bloqueada. Não se trata de um exagero retórico. Trata-se de uma contagem real, feita com a frieza dos números e o peso da urgência. Crianças com febre, desidratadas, com infeções que, noutro lugar, seriam tratadas com um simples antibiótico. Em Gaza, são sentença de morte.

As imagens que nos chegam são insuportáveis: crianças desnutridas, com a pele colada aos ossos, com os olhos perdidos no vazio. Não há leite. Não há pão. As poucas padarias ainda de pé deixaram de produzir. A farinha, quando aparece, custa mais do que o salário de uma semana. A ajuda humanitária está parada a escassos quilómetros da fronteira – por decisão de quem prefere a fome à justiça.

Hospitais deixaram de o ser. São agora campos de espera – pela dor ou pela morte. Mais de 30% das amputações a crianças têm sido realizadas sem anestesia. A anestesia acabou. A luz também. Mas o sofrimento, esse, multiplica-se a cada bombardeamento, a cada noite em que a ajuda não entra.

Foi com esse pano de fundo que, há meses, lançámos uma petição pela libertação imediata das crianças da Faixa de Gaza. Não foi um gesto simbólico. Foi um apelo. Um clamor. Uma tentativa – ainda que pequena – de resgatar a dignidade humana.

Porque nenhum ser humano pode considerar-se civilizado se aceita em silêncio o que se passa em Gaza. Porque uma criança com sede não é um dano colateral. É uma acusação contra o mundo.

É tempo de agir. É tempo de assinar.
Assina aqui a petição:
https://chng.it/libertem-as-criancas-de-gaza

A história não perdoará os que viraram a cara.
Mas ainda pode lembrar os que, mesmo tarde, disseram basta.

Paulo Freitas do Amaral
Professor, Historiador e Autor