
Deixei propositadamente passar uns dias e escolhi intencionalmente o dia de hoje para escrever estas linhas de Ação de Graças. Faz hoje, dia 4 de Junho, sessenta anos que fui Baptizado. Com oito dias apenas de vida - estava a morrer e tive de ser Baptizado à pressa -, sem festa e como Padrinhos as primeiras pessoas conhecidas que passaram na rua. Faz sessenta anos que recebi a Bênção e a força que esse Sacramento confere. Estou assim imensamente agradecido a Deus por essa força, inspiração e Graça, até por de+sde então me considerar um “rapaz de Deus”.
E é precisamente de agradecimento que quero falar. Diz ali no fundo da crónica, logo a seguir ao meu nome, “mentor das Corridas Solidárias”. Pois, no fim-de-semana de 31 de Maio e 1 de Junho, um grupo cheio de Fé, Amor ao outro e coragem férrea correu, caminhou, gatinhou ou rastejou desde Fátima até ao Centro Social do Pinheiro da Bemposta. Foram 29 horas seguidas e 150 Kms de tudo o que queiram imaginar e que já relatei noutro fórum. O que quero lembrar neste momento, e que deixei propositadamente para agora, esquecendo-o em todos os outros momentos, é este gesto: quero falar daquelas pessoas que vão ter connosco pelo caminho e que são uma fonte de força, inspiração e ânimo. Jamais esquecerei aquele carro que nos apareceu do nada perto de Condeixa com uma família inteira, cão incluído, para nos trazer Caldo Verde e um abraço. Caldo Verde que foi degustado com a alma já depois das duas da manhã e servido em copos de papel. Estas pessoas souberam que o “fornecedor” habitual não poderia vir e sem nada dizer lá apareceram de surpresa. Foi divinal e têm o nosso eterno agradecimento. Muito bom saber que há Pessoas assim que, no dia seguinte, numa curva de um local algo agreste, até, lá estavam novamente, agora com ovos cozidos na beira da estrada.
Ainda vale a pena viver neste mundo que tem pessoas assim, em que cada um faz o que deve fazer a pensar no outro.
Obrigado.
Ricardo Bastos, Organizador das ‘Corridas Solidárias’
“Ainda vale a pena viver neste mundo que tem pessoas assim, em que cada um faz o que deve fazer a pensar no outro”
