
Ao longo de três semanas, alunos do 4.º ano do Agrupamento de Escolas da Mealhada participaram em sessões educativas com o objetivo de desconstruir a ideia de que existem profissões “de homens” ou “de mulheres”. A iniciativa integra o Plano Municipal para a Igualdade e a Não Discriminação de Mealhada 2023-2026 e foi dinamizada pela Equipa para a Igualdade na Vida Local.
As sessões contaram com testemunhos de profissionais que desafiaram os estereótipos associados às suas áreas. Jackson Silva, antigo polícia no Brasil, partilhou com os alunos da Escola Básica de Barcouço a sua experiência como cuidador de idosos no concelho, onde foi o primeiro homem na função. Admitiu ter enfrentado dúvidas e resistências, tanto de colegas como de utentes, mas sublinhou: “O trabalho feito com amor supera tudo. Não existe serviço de mulher ou de homem.”
Paula Ramos, primeira mulher comandante de bombeiros em Portugal, contou o percurso que começou com o sonho de ser polícia, desaconselhado pela mãe por “não ser profissão de mulher”. Ingressou nos bombeiros aos 18 anos e quebrou barreiras até chegar ao comando, enfrentando ceticismo e preconceito, sobretudo em operações conjuntas com outras corporações. Hoje é coordenadora Municipal de Proteção Civil da Mealhada.
Na EB1 de Casal Comba, Cristina Bandeira, sub-chefe dos Bombeiros Voluntários de Pampilhosa, relatou as dificuldades de aceitação sentidas noutras corporações durante formações pré-hospitalares, mas mostrou que competência, respeito e seriedade foram decisivos para ultrapassar constrangimentos e abrir caminho a mais mulheres na área.
Tiago Madureira, assistente operacional na Escola Secundária da Mealhada, falou das expetativas iniciais de colegas de que, por ser homem, se limitasse a “arranjar lâmpadas”, quando na verdade desempenha todas as tarefas, incluindo limpezas, como qualquer outra profissional.
Na EB1 de Mealhada, Filipa Pinto, engenheira civil da Câmara Municipal, contou como o pai preferia que fosse enfermeira para evitar o “meio de homens”. Já João António, assistente social no Setor de Ação Social e Saúde, sublinhou as mais-valias da diversidade de género numa profissão ainda muito feminina, frisando a competência como resposta aos desafios.
Estas atividades fazem parte de uma das medidas do Plano Municipal para a Igualdade e a Não Discriminação de Mealhada 2023-2026, que contempla ainda planos de ação específicos para a Igualdade entre Mulheres e Homens, Prevenção e Combate à Violência Doméstica, Combate à Discriminação em Razão da Orientação Sexual ou Identidade de Género e Combate ao Tráfico de Seres Humanos. A Equipa para a Igualdade na Vida Local integra elementos de várias áreas do Município, incluindo ação social, educação, desporto, juventude, obras municipais e serviços jurídicos.