
No início deste mandato, em 2021, o Partido Socialista na Assembleia Municipal propôs a instituição de um Prémio Municipal de Cidadania. Tratava-se sobretudo de ir reconhecendo boas práticas, porque na cidadania não há lugares, há exemplos. E importava dar visibilidade a esses exemplos. O que somos enquanto comunidade não depende apenas das instituições públicas ou da formalização das responsabilidades.
Permitam-me, por isso, uma nota pessoal, na sequência da distinção agora atribuída ao Manuel Gomes Vaz da Silva. Para muitos ex-alunos e alunos da Escola Ferreira de Castro, o Sr. Vaz.
O Sr. Vaz, chefe do pessoal da Escola Ferreira de Castro, marcou alunos e professores ao longo de mais de 50 anos. O normal é que do tempo da escola recordemos alguns. Nem todos conseguem essa proeza e, com o tempo, a vida trata de limar essas memórias e conceder apenas algumas distinções. O que é raro, muito raro, é que um funcionário tenha, para tantos e tantos alunos, conseguido essa distinção.
O Sr. Vaz, que nunca nos deu uma aula, foi também, de alguma forma, nosso professor. Faz parte desse grupo de pessoas que, na nossa adolescência, moldou um pouco do que somos. O Vaz, como às escondidas o tratávamos, ensinou-nos a levar a sério os professores, a tratar respeitosamente todos os funcionários e a tratar como iguais os colegas, quaisquer que fossem as suas origens ou dificuldades. O Sr. Vaz tornou o ambiente da escola aquilo que ele deve ser, um espaço protetor que nos dá liberdade para aprender. E se algum de nós, em algum momento, por qualquer motivo, levou dele um cachaço, com muita certeza o achou justo. O Sr. Vaz sempre foi um homem justo e isso dava-lhe uma incontestada autoridade.
Quando somos adolescentes, todos os homens sérios nos parecem altos. E o Sr. Vaz, a observar a escola à entrada do Bloco A, sempre me pareceu muito alto. E ele, que nunca foi professor, ensinou-nos para a vida.
Bruno Aragão, Presidente da Comissão Política Concelhia do PS
