O “The AI Security Balancing Act: From Risk to Innovation”, relatório da NTT DATA, aponta para um cenário de oportunidades e riscos desequilibrados na adoção de inteligência artificial generativa (GenAI). Com base numa sondagem a mais de 2.300 líderes de topo em 34 países, o estudo revela uma tensão crescente entre a ambição estratégica das lideranças empresariais e as capacidades operacionais das equipas de cibersegurança.

A maioria dos CEO (67%) planeia investir fortemente em GenAI nos próximos dois anos, e 99% dos executivos indicam intenção de aumentar o investimento na tecnologia. Paralelamente, 95% dos CIO e dos CTO afirmam que a GenAI já impulsionou novos investimentos em cibersegurança. Contudo, quase metade dos Chief Information Security Officers (CISO) expressa reservas quanto à sua implementação, citando falta de orientação clara, políticas pouco definidas e insuficiência de recursos.

Esta clivagem interna é visível em várias frentes. Apenas 38% dos CISO afirmam que as suas estratégias de IA e cibersegurança estão alinhadas, face a 51% dos CEO. Apesar disso, 81% dos responsáveis de segurança que manifestam reservas admitem que a GenAI tem potencial para melhorar a eficiência e o desempenho financeiro das organizações.

María Pilar Torres Bruna, responsável de cibersegurança da NTT DATA, salienta que “sem uma visão comum entre líderes de negócio e equipas de cibersegurança, as oportunidades da GenAI podem ser bloqueadas por riscos mal geridos”.

O relatório denuncia ainda uma falta generalizada de preparação. Embora 97% dos CISO se considerem decisores na área de GenAI (IA generativa), 69% reconhecem que as suas equipas não têm as competências necessárias para trabalhar com esta tecnologia. Apenas 24% sentem que a sua organização dispõe de um quadro robusto para equilibrar risco e criação de valor.

Outro entrave significativo é a infraestrutura tecnológica herdada. Para 88% dos CISO, os sistemas legados comprometem a agilidade e dificultam a adoção eficaz de GenAI. A modernização de tecnologias como IoT, 5G e edge computing é vista como essencial.

Perante este cenário, 64% dos CISO estão a recorrer à inovação colaborativa com parceiros tecnológicos. Entre os critérios mais valorizados na escolha desses parceiros está a capacidade de fornecer soluções GenAI de forma integrada.

Sheetal Mehta, responsável global de cibersegurança na NTT DATA, reforça que “a cibersegurança tem de ser pensada desde a origem na adoção de GenAI”. Alerta ainda para a necessidade de um alinhamento proativo e de uma infraestrutura moderna para enfrentar ameaças emergentes.

Craig Robinson, da IDC, acrescenta que a falta de um modelo de governação eficaz e diretrizes claras está a dificultar o diálogo entre CISO e líderes empresariais. “O alinhamento é essencial para que o potencial da GenAI não se perca num mar de riscos e hesitações”, conclui.