
Com a Inteligência Artificial (IA) a deixar de ser apenas uma promessa tecnológica e começar a moldar decisões económicas, sociais e políticas, uma nova colaboração em Portugal procura assegurar que o seu progresso não aconteça à margem da responsabilidade. A Startup Portugal e o Young AI Leaders Community Lisbon Hub (YAILLH) assinaram esta terça-feira, 25 de junho, um Memorando de Entendimento com o objetivo declarado de ancorar o desenvolvimento da IA em princípios éticos e de sustentabilidade.
Este acordo foi formalizado durante o Hangout #41 da Startup Portugal — o evento Above & Beyond, que decorre em simultâneo no Ferroviário, em Lisboa, e na UPTEC Baixa, no Porto — e coincide com o primeiro aniversário da entrada em vigor do AI Act, a ambiciosa legislação europeia que pretende regulamentar o uso de IA no espaço comunitário.
Mais do que um gesto simbólico, o memorando sela uma agenda conjunta centrada na promoção da ética, da literacia tecnológica e da inovação com impacto social. A colaboração entre as duas entidades pretende ativar uma nova geração de líderes e empreendedores, com a missão clara de colocar a IA ao serviço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.
“Esta parceria com a Startup Portugal representa um passo significativo para mobilizar a comunidade jovem e empreendedora em Lisboa em torno do potencial transformador da IA para o bem”, sublinha Otto Lehnert, Hub Leader do YAILLH. Afirmando que “a nossa geração tem o dever de garantir que a inteligência artificial seja uma força de cura e não de dominação”, Lehnert aponta para uma ambição pouco habitual em ambientes marcados pelo frenesim da disrupção: o foco no longo prazo e na soberania tecnológica.
Já António Dias Martins, Diretor Executivo da Startup Portugal, reforça a ideia de que “a inovação tecnológica deve servir um propósito maior”. Segundo o responsável, a aliança com o YAILLH está “perfeitamente alinhada com a missão de apoiar o desenvolvimento de soluções sustentáveis” e reflete uma visão de progresso económico que não se mede apenas em métricas de crescimento, mas também em impacto positivo.
A parceria traduz-se num plano de ação abrangente: organização de eventos conjuntos sobre ética na IA, envolvimento de jovens inovadores em projetos com impacto social, partilha de boas práticas, e desenvolvimento de iniciativas como hackathons e desafios de inovação. Em pano de fundo, surge ainda uma componente de advocacy, com o compromisso de promover políticas públicas que integrem IA e sustentabilidade como binómios inseparáveis.
Num tempo em que os algoritmos se insinuam em quase todas as esferas da vida pública e privada, a articulação entre política, tecnologia e sociedade torna-se mais do que desejável — torna-se essencial. Esta nova parceria, firmada entre uma entidade de referência no ecossistema empreendedor e uma comunidade emergente com raízes nas Nações Unidas, é um exemplo de como Portugal pode contribuir para uma agenda global em que o avanço tecnológico não abdica dos valores humanos.