O conservadorismo na gestão pública empurra o país para trás. A Administração Pública deve adotar o princípio do teletrabalho. A modalidade do trabalho presencial deve passar a exceção, reservada para as atividades que, pela sua natureza, não se coadunem com o formato de teletrabalho.
Esta transição é obrigatória para o país e o ónus do seu sucesso recai sobre decisores e dirigentes. Os decisores devem ser agentes catalisadores da sustentabilidade na utilização de recursos. Os dirigentes da Administração Pública devem dirigir o trabalho, garantindo que o mesmo é cumprido pelos funcionários públicos. É secundário se o trabalho é desenvolvido em teletrabalho ou presencialmente. Aos dirigentes cabe dirigir o trabalho, independentemente da modalidade.
A diminuição da despesa corrente da Administração Pública é indispensável no âmbito da tão necessária reforma fiscal em Portugal.
Com a adoção do princípio do teletrabalho na Administração Pública, ocorre uma diminuição da necessidade de espaço físico. Reduz-se a despesa com muitas infraestruturas, que deixam de ser necessárias. A utilização de consumíveis também diminui. O teletrabalho pode fazer cair a pique as despesas de manutenção e substituição de bens públicos.
Numa outra perspetiva, a baixa produtividade laboral nacional no quadro da UE e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal também são temas relevantes no âmbito do crescimento do PIB nacional.
A eliminação dos fatores de stress associados à rotina das deslocações diárias e à rigidez dos horários laborais contribui para aumentar a produtividade laboral. Por outro lado, a diminuição dos movimentos pendulares pode ser um dos maiores contributos da Administração Pública para o processo de transição energética
A possibilidade de acompanhar os momentos importantes da vida familiar, sem hipotecar as responsabilidades profissionais, é uma vantagem impagável nos dias de hoje para qualquer profissional. O maior envolvimento dos pais em todas as dimensões da vida dos filhos gerará externalidades económicas positivas no presente e no futuro.
Todas estas vantagens também se constituem como estímulos à retenção de população ativa em Portugal. A emigração jovem e a fuga de talento são dois dos principais "garrotes" ao desenvolvimento do país.
A adoção do princípio do teletrabalho na Administração Pública surge como uma solução estratégica, de largo espectro, que abrange positivamente os principais problemas de Portugal e da sua Administração Pública: a diminuição da despesa pública e a reforma fiscal; a diminuição dos movimentos pendulares e a transição energética; a eliminação de muitos fatores diários de stress e a produtividade laboral.
Economista e professor universitário