As ilhas dos Bijagós, na Guiné-Bissau, foram elevadas a Património Mundial Natural, tornando-se no primeiro sítio do país africano a integrar a lista da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

A decisão foi anunciada ontem, em Paris, França, durante a 47.ª reunião do Comité do Património Mundial da Unesco, que decorre até dia 16, na sede da organização na capital francesa.

Esta é "uma conquista histórica " para a Guiné-Bissau, com as ilhas consideradas um tesouro natural reconhecidas com o estatuto mundial.

A comitiva chefiada pelo ministro do Ambiente, Viriato Cassamá, festejou na sala da Unesco, em Paris, o anúncio, que será motivo de celebração, também hoje em Bissau.

O Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas (IBAP), que conduziu o processo da candidatura, marcou para o final da tarde deste domingo a celebração na sede do organismo público.

A inscrição na lista de sítios Património Mundial surge mais de uma década depois da primeira candidatura rejeitada pela Unesco.

O arquipélago dos Bijagós, na costa ocidental de África, é uma parte do território marinho e costeiro da Guiné-Bissau, composto por 88 ilhas e ilhéus, com uma extensão de 2,6 quilómetros quadrados, onde vivem, nas 23 ilhas habitadas, cerca de 33 mil dos dois milhões de habitantes do país.

As ilhas Bijagós já conquistaram várias distinções, também da Unesco, concretamente Reserva da Biosfera, em 1996, Don a Terra, em 2001, e Sítio RAMSAR, em 2014, pela importância desta zona húmida a nível internacional.

A candidatura, agora aprovada, do "Ecossistema Marinho e Costeiro do Arquipélago dos Bijagós - OMATÍ MINHÕ" concentra-se nos três parques naturais, concretamente o Parque Natural das Ilhas de Orango, o Parque Nacional Marinho João Vieira e Poilão e a Área Marinha Protegida Comunitária das Ilhas Urok e a ligação entre esses três parques.

Trata-se da zona mais relevante do ponto de vista da biodiversidade nas ilhas e ilhéus onde desovam tartarugas, habitam hipopótamos e se alimentam aves migratórias.

Os três parques naturais abrangidos são apontados como "a parte central da biodiversidade", como "zonas que permitem uma grande produtividade, que têm impactos além-fronteira".

Servem de "zona de alimentação para as aves que vêm de longe, às comunidades, às pescas", e permitem "a reprodução de um ciclo importante da biodiversidade ameaçada, como as tartarugas marinhas, tubarões e raias".

Estão, também, na rota migratória de aves do Atlântico Leste.

O modo de vida e a cultura do povo Bijagós distinguem também estas ilhas da costa ocidental africana.

As Bijagós são também procuradas pelas praias e pesca, com um turismo ainda reduzido aos expatriados das várias organizações a trabalhar no país e a pescadores desportivos, sobretudo de países francófonos.