A Nvidia é a maior fabricante de semicondutores do mundo e uma das 7 magnificas da tecnologia: é a terceira empresa mais valiosa da bolsa atualmente, com uma capitalização bolsista de cerca de 2,7 biliões de dólares (cerca 2,38 mil milhões de euros), só ficando atrás da Apple e da Microsoft. No entanto, a companhia, que foi a grande estrela do mercado acionista em 2024, e alcançou um valor histórico de 3,66 biliões de dólares (cerca de 3,22 biliões de euros) de valor, não tem sido beneficiada com o anúncio das tarifas de importação por parte do executivo de Donald Trump, e toda a instabilidade gerada. Recorde-se que a Casa Branca aplicou uma tarifa de 32% sobre os produtos de Taiwan, local onde a Nvidia fabrica as suas principais unidades de processamento gráfico.

A Nvidia estima que este novo investimento nos Estados Unidos resulte em centenas de milhares de empregos e gere biliões de dólares nas próximas décadas.

Para contornar esta questão, a empresa, que está sediada em Santa Clara, na Califórnia, anunciou ontem que está a planear produzir, pela primeira vez, alguns dos seus supercomputadores suportados em Inteligência Artificial dentro de fronteiras. Fez saber o mercado que está a trabalhar com os fabricantes de eletrónica Foxconn e Wistron, com o objetivo de construir duas fábricas de supercomputadores nas cidades de Houston e Dallas e que já produz em Phoenix, na fábrica da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), os chips Blackwell, que fornecem capacidade para IA generativa e computação acelerada.

Nos próximos quatro anos prevê construir, testar e embalar dispositivos de IA no valor de 500 mil milhões de dólares (cerca de 441 mil milhões de euros) nos Estados Unidos. A Nvidia estima que este o investimento resulte em centenas de milhares de empregos e gere biliões de dólares nas próximas décadas. Um supercomputador de IA implica processadores ultra-rápidos, compostos por milhares de máquinas potentes a gerir e interpretar grandes quantidades de dados.

Será que Trump já pode cantar vitória?

A empresa que habitualmente produzia fora do seu país está agora a dar força à política de Donald Trump, com a introdução das tarifas alfandegárias, que pretende reindustrializar os Estados Unidos, trazendo para dentro de portas a produção que tem sido terceirizada para a Ásia. Aliás, a Casa Branca já classificou a iniciativa da Nvidia como “o efeito Trump em ação”, e está a usar esta notícia da construção das novas fábricas como uma vitória. As ações da empresa caíram ligeiramente após este anúncio, para os 110,83 dólares (97,78 euros) por ação.

O CEO e co-fundador da Nvidia, Jensen Huang – um dos homens mãos ricos do mundo, com uma fortuna avaliada em 98,7 mil milhões de dólares – disse, em comunicado, que a este movimento para dentro de portas ajuda a empresa a responder melhor à crescente procura de chips e de supercomputadores, fortalecendo a cadeia de abastecimento e aumentando a resiliência.

A Apple comprometeu-se a investir 500 mil milhões de dólares (cerca de 441 mil milhões de euros) nos EUA, mas a transferência de um décimo da cadeia de abastecimento custaria à empresa cerca de 30 mil milhões de dólares (cerca de 26,5 mil milhões de dólares) em três anos.

Porém, analistas referem que o “Made in USA” pode ser mais fácil de dizer do que de fazer. Os custos envolvidos neste processo são inúmeros e nem todos os intervenientes na cadeia de valor se podem mudar para os Estados Unidos. A Apple, por exemplo, disse que se comprometeu em investir 500 mil milhões de dólares (cerca de 441 mil milhões de euros) nos EUA, mas a transferência de um décimo da cadeia de abastecimento custaria à empresa cerca de 30 mil milhões de dólares (cerca de 26,5 mil milhões de dólares) em três anos.

Por outro lado, a mão de obra na indústria também caiu, tendo sido canalizada para outras áreas como o turismo. As indústrias tornaram-se mais “especializadas” e não há técnicos suficientes, que possam competir, por exemplo com a China. Ainda que a grande maioria dos trabalhadores norte-americanos concordem com o aumento de empregos na indústria, segundo um estudo da Cato Institute/YouGov, certo é que 75% destes referem que não queriam trabalhar numa fábrica.