
Dois anos depois da sua criação no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra, a startup portuguesa Connected, especializada em soluções de transmissão de dados a partir do Espaço, foi adquirida pela empresa de origem espanhola Open Cosmos, que se prepara para fabricar os primeiros satélites com o seu cunho em Portugal. Não foi divulgado o montante da compra.
A Connected passa, assim, a ser uma unidade de negócio da Open Cosmos com foco em soluções de conectividade para a “Internet das Coisas” - ou seja, as tecnologias que permitem a recolha e troca de dados entre objetos, como veículos ou eletrodomésticos.
“A Connected passa a liderar a estratégia de conectividade da Open Cosmos, oferecendo soluções escaláveis e acessíveis para sectores que vão do marítimo à energia, logística”, entre outros, especificam as tecnológicas em comunicado esta quinta-feira, 3 de julho.
Os 22 trabalhadores da Connected em Portugal serão integrados na equipa portuguesa da Open Cosmos Atlantic, que conta com 18 profissionais.
A Open Cosmos, sediada no Reino Unido mas de origem espanhola, foi fundada em 2015 pelos empreendedores catalães Rafel Jordà, Jordi Barrera, e Aleix Megias, para fabricar satélites de órbita terrestre baixa - que, como o nome sugere, orbitam a uma altitude inferior a 2000 metros - destinados à recolha e transmissão de dados. A Open Cosmos já colaborava com a Connected pelo menos desde 2024, altura em que os satélites da empresa espanhola já davam “boleia” aos módulos de comunicações da startup portuguesa rumo ao Espaço.
Além da Grécia, Reino Unido e Espanha, a Open Cosmos já está presente em Portugal, inclusive antes da aquisição da Connected. No ano passado, Rafel Jordà anunciou, aquando da Web Summit do ano passado, que pretendia fabricar três satélites na subsidiária do Porto.
Segundo a nota de imprensa, a Open Cosmos “investiu à data mais de 15 milhões de euros” em Portugal, prevendo “que esse valor ultrapasse os 50 milhões de euros nos próximos três anos”. Os planos de expansão em território português incluem a criação da tal fábrica de satélites - agora no Instituto Pedro Nunes, em Coimbra - “onde três satélites de engenharia portuguesa serão montados e operados a partir do final de 2025”.
“Essas missões irão contar já com a tecnologia de comunicações da Connected para fornecer dados integrados de Observação da Terra e conectividade IoT [Internet das Coisas] a partir de órbita”, lê-se no comunicado de imprensa.
A Connected foi fundada em 2023 por André Guerra, Hélder Oliveira, Raquel Magalhães e Tiago Rebelo, este último até aqui presidente executivo. Com a aquisição, assume os cargos de Chief Revenue Officer (CRO) da Open Cosmos e diretor-geral das subsidiárias da Open Cosmos em Portugal.
Citado no comunicado, Tiago Rebelo diz que a proposta que viria a conduzir a um exit (venda da empresa) ocorreu quando estavam a fechar a segunda ronda de financiamento da Connected. “Foi um claro reconhecimento da nossa tecnologia e do progresso real que alcançámos com recursos limitados”, disse.
Na única operação pública de financiamento que acabaria por concretizar, a Connected encaixou €2 milhões em 2024 numa ronda pré-seed, etapa na qual as startups tipicamente angariam o capital necessário para iniciarem operações, prototipando e testando produtos e serviços.
A ronda foi co-liderada pelos fundos de capital de risco portugueses Shilling VC, Iberis Capital e FundBox. No elenco de participantes constaram igualmente os fundos de capital de risco Octopus Ventures, do Reino Unido, Amena Ventures, da Irlanda, e o investidor Keith Willey.