
O presidente do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), Gonçalo Morais Tristão, destacou esta quinta-feira, 22 de maio, os principais desafios que o setor olivícola enfrenta, sublinhando a importância da promoção da identidade e qualidade do azeite português e apelando à colaboração das entidades públicas no apoio ao setor.
À margem da sessão de abertura do Congresso Nacional do Azeite, a decorrer em Campo Maior, Gonçalo Morais Tristão lembrou que, apesar dos avanços significativos, há ainda um caminho a percorrer. «A olivicultura portuguesa tem tido um enorme sucesso nos últimos anos. Vencemos a batalha da quantidade e da qualidade, mas isso não quer dizer que não tenhamos desafios», afirmou.
Entre as preocupações apontadas está a instabilidade no comércio internacional, como a eventual guerra de tarifas, que poderá afetar o setor. «Portugal exporta pouco diretamente para os Estados Unidos, mas os nossos azeites vão para Itália e Espanha, e esses países exportam para os EUA. Qualquer impacto nas exportações deles terá efeitos em nós também», alertou.
O dirigente salientou ainda que o Congresso visa promover uma reflexão conjunta sobre o futuro do setor. «Foi esse momento de reflexão que pedimos aos nossos convidados. Identificar os desafios e procurar ultrapassá-los», indicou.
Entre os temas em destaque está também o ESG (Environmental, Social and Governance), que ganha crescente relevância no setor agroalimentar. «Há regras que temos de respeitar. É preciso perceber essa nova realidade», frisou.
Sobre a identidade do azeite português, Gonçalo Morais Tristão reiterou a necessidade de continuar a afirmar a origem e a excelência do produto nacional. «Fazemos azeites de excelentíssima qualidade e é preciso percebermos para onde queremos ir», disse, sublinhando a importância de «promover essa identidade» junto dos mercados.
O presidente do CEPAAL destacou ainda a ligação crescente entre o setor olivícola e o turismo, através da valorização do olivoturismo. «O CEPAAL entende que temos de estar cada vez mais próximos das Escolas de Hotelaria e Turismo, para que se ensine o conhecimento do azeite. O setor vai precisar do turismo», defendeu.
Gonçalo Morais Tristão saudou o relançamento da AIFO – Interprofissional do setor, realçando a necessidade de reunir os diversos agentes em torno da promoção do azeite português. «Precisamos todos de promoção. A promoção somos nós que temos de fazer», afirmou.
Por fim, deixou uma mensagem à administração pública, apelando a um maior envolvimento nas necessidades do setor. «Precisamos de uma administração que nos ouça. Escutar bem é quase resolver», concluiu.